tag:blogger.com,1999:blog-33489679965455386772024-03-05T03:21:10.241-08:00Noesisreflexão, filosofia, ciências, história, teologia, arteAnonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.comBlogger75125tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-40523768837324788582015-08-03T14:10:00.001-07:002015-08-03T14:24:14.601-07:00Mais um artigo<a href="https://periodicos.ufsc.br/public/journals/42/cover_issue_2092_pt_BR.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://periodicos.ufsc.br/public/journals/42/cover_issue_2092_pt_BR.jpg" width="148" /></a><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">Saiu finalmente meu último artigo. Pode ser acessado no link abaixo ou diretamente no site da Revista Principia (UFSC) v.18 n.2, 269-290. Aqui:</span><a href="https://periodicos.ufsc.br/index.php/principia/issue/view/2092/showToc" rel="nofollow" style="background-color: white; color: #3b5998; cursor: pointer; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; text-decoration: none;" target="_blank">https://periodicos.ufsc.br/…/princi…/issue/view/2092/showToc</a><br />
<br />
Ou diretamente <a href="https://www.academia.edu/14628634/Algumas_raz%C3%B5es_para_levar_a_s%C3%A9rio_a_metaindu%C3%A7%C3%A3o_pessimista" target="_blank">aqui</a>.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-63404480611928027932015-03-21T13:59:00.001-07:002015-03-31T05:52:18.449-07:0050 tons de filosofia<div class="MsoNormal">
<span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference">O que é filosofia, por 50 filósofos<a href="file:///C:/Users/Tiago/Desktop/O%20que%20%C3%A9%20filosofia.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 115%;" title="">[1]</a></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://ecx.images-amazon.com/images/I/419RlZLC-lL._SY344_BO1,204,203,200_.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/419RlZLC-lL._SY344_BO1,204,203,200_.jpg" height="200" width="130" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Perguntamos aos vários
entrevistados para nosso programa de internet (podcast) <i>Philosophy Bites </i>(bocados de filosofia) a simples questão ´O que é
filosofia?’. Eles não foram avisados da questão. Suas respostas nos
surpreenderam. A combinação de perspectivas foi iluminadora. Aqui estão elas em
ordem alfabética.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Marilyn Adams: </b>Filosofia é dar duro pensando sobre as mais
importantes questões e tentar trazer clareza analítica tanto às questões quanto
às respostas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Robert Adams: </b>Filosofia é o que os filósofos fazem. Isso é
importante porque não quero ser “mente fechada” sobre o que constitui a
filosofia. Há certas maneiras de fazer filosofia que são tão diferentes da
maneira como eu e a maioria dos filósofos de língua inglesa fazemos que eu
deveria hesitar em dizer que eles e nós praticamos a mesma disciplina. Mas
penso que seria indevidamente imperialista em dizer que eles não estão fazendo
filosofia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><b style="text-align: justify;">Peter Adamson: </b><span style="text-align: justify;">Nossa, penso que a filosofia é o estudo dos custos e
benefícios que decorrem quando você toma certa posição. Por exemplo, se você
argumenta sobre o livre arbítrio e está tentando decidir se é compatibilista ou
incompatibilista – o livre arbítrio é compatível com o determinismo causal? – o
que você está descobrindo são quais problemas e benefícios você têm em dizer
que é compatível, e quais problemas e benefícios se ganha dizendo que é
incompatível.</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>John Armstrong: </b>Filosofia é o amor bem sucedido do pensamento.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Catalin Avramescu: </b>Vocês me acertaram com essa pergunta. É um pouco
como o que Agostinho famosamente disse sobre o conceito de tempo. Quando
ninguém me pergunta sobre isso, eu sei. Mas quando alguém me pergunta sobre o
que o conceito de tempo é, percebo não saber. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Simon Blackburn: </b>Bem, é um processo de reflexão sobre os conceitos
mais profundos, isto é, estruturas do pensamento, que definem a maneira como
pensamos sobre o mundo. Portanto, são conceitos tais como razão, causa,
matéria, espaço, tempo, mente, consciência, livre arbítrio, todas aquelas
grandes palavras abstratas, e criam tópicos, e as pessoas tem pensado sobre
eles por dois milênios e meio, e espero que continuem pensando neles nos
próximos dois milênios e meio, se sobrar algum de nós lá.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Richard
Bradley: </b>Filosofia é 99% de reflexão crítica sobre qualquer coisa em que
gostaria de estar interessado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Wendy Brown: </b>A filosofia pergunta pelo sentido da vida. A filosofia
pergunta sobre quem somos, o que podemos ser, como concebemos a nós mesmos e
como até podemos pensar tais questões.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Allen Buchanan:</b> Não penso que seja coisa qualquer, mas penso que
geralmente ela envolva ser crítico e reflexivos sobre coisas que a maioria das
pessoas aceita como certo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>John Campbell: </b>Não acho que exista uma resposta geral à pergunta. O
que mais me interessa é o que a ciência nos diz sobre nossa visão de mundo no
senso comum. O que me inquieta é pensar duplamente em que, por um lado, nós só
operamos acriticamente com nossa visão de mundo do senso comum, e então nós
passamos a um modo científico. Penso que a ciência realmente desestabiliza nossa
visão de mundo do senso comum. Compreender apenas onde o senso comum precisa
“dar na cara” da ciência, onde o senso comum é consistente com a ciência e onde
temos algum trabalho real em compreender como podem ambas estar corretas - isso
é o que realmente me guia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Clare Carlisle: </b>Dizendo da maneira mais simples é sobre dar sentido
a tudo isso... Nós nos encontramos em um mundo que não escolhemos. Há toda
sorte de possíveis maneiras de interpretar isso e encontrar sentido no mundo e
nas vidas que vivemos. Portanto a filosofia é sobre dar sentido à situação em
que nos encontramos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Tony Coady:</b> Oh, bem, sou um filósofo analítico, portanto
comprometido com a visão de que a filosofia envolve muito trabalho analítico:
muita análise de conceitos. Mas penso que algumas pessoas acham que filosofia
só envolva analisar conceitos e tornar claras as coisas. Elas também acham que
você deva ter argumentos para tudo – é uma profissão muito argumentativa. Essas
são todas características da filosofia. Mas a filosofia deve também objetivar
fazer tipos de coisas um pouco mais sintéticas em larga escala. Filosofia deve
estar preocupada com problemas relativos ao sentido da vida, problemas éticos e
políticos, e deve escrutinizar as crenças básicas de nossa sociedade. A filosofia
tem sido desde sempre uma espécie de ciência de pressuposições; mas não deveria
apenas expô-las e dizer “lá estão elas”. Deveria dizer alguma coisa além sobre
elas, o que pode ajudar as pessoas. À
medida que fico mais velho, fico mais convencido de que deveria haver mais
imaginação na filosofia do que há. Em um estágio ela estava muito inteligente,
mas também seca. Apesar de não almejar me tornar tão imaginativo quanto os
vários filósofos pós-estruturalistas que valorizam tanto a imaginação que a
análise e o argumento caem por terra, ainda penso que há algo em oferecer uma
grande imagem das nossas circunstâncias, e penso que isso é algo que deveria
ser encorajado na filosofia. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Tim Crane: </b>Citando Wilfrid Sellars, filosofia é a tentativa de
entender como as coisas, no sentido mais geral da palavra, coexistem no sentido
mais geral da palavra.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Roger Crisp:</b> Eu acho que é algo que se deve fazer para entender sua
essência.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Don Cupit: </b>A filosofia é pensamento crítico: tentar estar
consciente de como o pensamento de alguém funciona, de todas as coisas que
alguém toma como certo, da maneira na qual o pensamento próprio de alguém molda
as coisas sobre as quais pensa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Donna Dickenson: </b>Filosofia é o que me foi dito durante meus estudos
de graduação, que uma mulher não poderia fazer – por um eminente filósofo que é
melhor permanecer anônimo. Mas para mim é a imagem da mutuca<a href="file:///C:/Users/Tiago/Desktop/O%20que%20%C3%A9%20filosofia.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>,
a mutuca Socrática: recusar aceitar qualquer banalidade ou sabedoria aceita sem
examiná-la.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>John Dunn: </b>Penso que costumava ser uma investigação sobre o que é
verdadeiro e como as pessoas devem viver; está ainda distantemente relacionada
a isso, mas eu diria que a distância está crescendo mais do que diminuindo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Luciano Floridi: </b>Filosofia é engenharia conceitual. Isso significa
lidar com questões que estão abertas ao desacordo razoável e informado, através
do fornecimento de novos conceitos que podem ser superados no futuro, caso uma
solução mais econômica for encontrada – mas é uma questão de acordo racional.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Sebastian Gardner: </b>Filosofia é a tentativa de unificar a razão
teórica e a prática. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Raymond Geuss: </b>Tenho medo de ter uma resposta muito inútil para a
pergunta, porque é uma apenas uma resposta negativa. É a resposta que Friedrich
Schlegel deu em seus <i>Fragmentos do
Athenaeum: </i>filosofia é um modo de tentar ser um espírito sistemático sem
possuir um sistema.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>A.C. Grayling: </b>A filosofia é investigação sobre todas as coisas que
ainda não compreendemos apropriada e totalmente. Quando estamos apertados com
um problema ou um grupo de problemas, podemos afastá-lo para uma ciência
especial ou uma ciência social – embora aquelas ciências naturais e sociais
tendam a acabar voltando como problemas filosóficos também – sendo tais
problemas meio obscuros, meio mal formados, onde as questões são elas mesmas
duvidosas, onde estamos espiando no escuro e não temos ainda uma boa ideia do
que estamos fazendo. E isso é o que a filosofia é, é investigar principalmente
o desconhecido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Thomas Hurka: </b>Filosofia é pensamento abstrato, guiado por
princípios de lógica e ideais de precisão em pensamento e argumentação sobre as
questões mais gerais envolvendo seres humanos e o mundo e nosso lugar no mundo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Terence Irwin: </b>Algumas pessoas disseram, e concordo com elas, que é
argumentar de coisas que parecem perfeitamente óbvias para conclusões
extremamente surpreendentes. Outras pessoas disseram que é um modo de tentar
tornar claros os pressupostos básicos das reivindicações que tendemos a tomar
por certas. Ambas são ideias razoavelmente boas sobre o que a filosofia tenta
fazer. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Cris Janaway: </b>Um...ah...essa é uma questão muito boa. Estou
reagindo do modo típico que se esperaria que filósofos fizessem; eles
geralmente não dão uma resposta, e as pessoas acham isso suspeito. Suponho que
a filosofia seja a tentativa de fazer perguntas que parecem não levar a lugar
nenhum – questões que sempre estarão lá.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Anthony Kenny: </b>Filosofia é pensar tão claramente quanto possível
sobre os conceitos mais fundamentais que penetram todas as disciplinas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Chandran Kukathas: </b>Meu entendimento da filosofia provavelmente deve
mais a Michael Oakeshott do que a qualquer outro. Filosofia é uma tentativa de
pensar sistematicamente sobre os pressupostos de um tópico dado; tentar
entender aquele tópico em termos de conceitos que te deem um relato completo de
algo. Então, por exemplo, para a extensão da filosofia que discute ética, ela
tenta dar uma explicação sobre qual é a natureza da moralidade. Ou para a extensão da filosofia que discute
política, ela tenta dar uma explicação do que é política em termos de conceitos
que deem sentido a esse fenômeno.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Will Kymlicka: </b>Bem, estou em um departamento de filosofia, mas
sempre fico pensando no quê, exatamente, eu tenho em comum com muitos de meus
colegas, porque, para ser franco, eu não entendo os trabalhos deles em
filosofia da linguagem ou metafísica. Há um certo elemento de contingência
sobre o que permanece num departamento de filosofia. Filosofia costumava
englobar Economia, e assim vai; e peças e pedaços se separaram, tornando-se
disciplinas autônomas, o que restou foi somente o que restou, no lugar de algo
coerente unindo-a. Eu penso em mim como um filósofo político; estou interessado
na avaliação normativa da vida política e de instituições do estado. Isso está
ligado de modo razoável e forte à filosofia moral. A Filosofia Moral, como
Robert Nozick disse, estabelece os limites da filosofia política. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Brian Leiter: </b>Essa é uma questão difícil. Eu posso dizer-lhes o que
a filosofia acadêmica é, e ela sustenta alguma relação com o que a filosofia
tem sido historicamente. Isso é, a filosofia está preocupada com questões fundacionais
ou fundamentais sobre a natureza de tudo mais que seres humanos fazem: como nós
vivemos, como deveríamos viver, o que a arte é, o que sabemos, se sabemos
alguma coisa, o que a ciência é, e assim por diante. Nesse sentido a filosofia
é realmente a mais ampla de todas as disciplinas, até mesmo se não é, como Kant
pensou, a rainha das ciências. Mas, uma vez que estávamos falando agora sobre
Nietzsche, não podemos esquecer de que há uma concepção muito diferente de o
que os filósofos são. Um filósofo para Nietzsche era um honorífico, referente à
pessoa que cria ou legisla valor. É a pessoa que, tomando emprestada uma imagem
de um dos meus colegas da Universidade de Chicago, Judge Richard Posner, é um
empreendedor moral. É uma bela imagem. Trata-se de alguém que cria novas
maneiras de avaliar coisas – o que é importante, o que é valioso – o que muda
como toda uma cultura ou todo um povo entende aquelas coisas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Jerrold Levinson: </b>Oh, eu não sabia que vocês iriam me perguntar as
questões realmente difíceis. Eu posso contar uma piada que diz o que é a
filosofia. Um jovem está indo para um encontro romântico e pede ao seu pai um
conselho: ‘Pai, estou muito nervoso, do que eu falarei nos intervalos de
silêncio?’ O pai diz: ‘Olhe filho, existe o CFF: tem a comida, a família e a
filosofia’. Então o filho diz: ‘Certo, eu me lembrarei disso.’ Ele vai para o
encontro e está com a namorada no carro depois do jantar; e ocorre um daqueles
silêncios e ele pensa ‘o que vou dizer? Meus dentes estão rangendo. Ah, vou lembrar-me
do conselho do meu pai’: ‘Então Mary, você gosta de aspargos? ‘Bem, John, não
gosto de aspargos. ‘Você tem irmãos, Mary?’ ‘Pra falar a verdade, John, não
tenho irmãos’. ‘Bom, Mary, se tivesse um irmão ele gostaria de aspargos?’ Isso
é filosofia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>M.M. McCabe: </b>Pensar sobre o pensar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Jeff McMahan: </b>Posso apenas rir? Não tenho ideia do que seja a
filosofia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Ray Monk:</b> Filosofia é a tentativa de compreender a nós mesmos e o
mundo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>A.W. Moore: </b>Fico muito pressionado a dizer, mas uma coisa que é
certamente verdadeira é que “O que é filosofia?” é uma tremenda pergunta
filosófica. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Alexander Nehamas: </b>Não posso responder isso diretamente. Vou dizer
como me tornei filósofo. Tornei-me filósofo porque eu queria ser capaz de falar
sobre várias, várias coisas, de preferência com conhecimento, mas às vezes não
a quantidade de conhecimento que seria necessário para ser um especialista
naqueles assuntos. Ela permite fazer muitas coisas diferentes. E pluralidade e
complexidade são muito, muito importantes para mim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Alex Neill: </b>Filosofia é o pensar que é obcecado com a clareza.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>David Papineau: </b>Filosofia é pensar duro sobre os problemas mais
difíceis que existem. E vocês podem pensar que cientistas fazem isso também,
mas há um certo tipo de questão que dificilmente pode ser resolvida adquirindo
mais evidência empírica. Ela requer um desembaraçar-se de pressuposições:
dar-se conta de que nosso pensamento é orientado por ideias que nem percebemos
que possuímos. E isso é o que e é filosofia. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Anne Phillips: </b>Agora vou rir. Filosofia para mim é um modo de
pensar sobre dilemas e contradições. Eu não penso nela como um ter que ser
abstraído do mundo real, ou ter que ser sobre problemas hipotéticos, mas quando
quer que você esteja lidando com algo que seja um dilema real e razões há muito
boas para ir por um caminho, e razões há muito boas para ir por outro, naquele
momento eu penso que você precisa da filosofia. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Thomas Pogge: </b>Eu penso a filosofia no sentido clássico de amor à
sabedoria. Então a questão agora é ‘O que é sabedoria?’ e penso que sabedoria é
entender o que realmente importa no mundo. E assim é como eu responderia às
pessoas que dizem que o que eu faço não é realmente filosofia. Em meu ponto de
vista o que realmente importa é a enorme injustiça que tem sido perpetuada
sobre os pobres neste mundo. Acabamos de escutar da organização de comida e
agricultura das Nações Unidas que pela primeira vez na história da humanidade
há mais de um bilhão de pessoas cronicamente desnutridas. A metade mais pobre
da humanidade tem 3 por cento da renda familiar global: a metade mais rica 97
por cento. Se a metade mais pobre tivesse 4 por cento da renda familiar global,
eles não estariam nessa pobreza severa. E o que o filósofo pode fazer é somente
dizer: ‘isso é algo que importa’.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Janet Radcliffe Richards: </b>Considero filosofia como um modo de
investigar mais que uma lista particular de matérias. Considero-a envolvendo o
tipo de questões onde você não está tentando descobrir como suas ideias
agarram-se ao mundo, se suas ideias são verdadeiras ou não, no sentido em que a
ciência faz, porém mais como suas ideias coexistem juntas. Isso significa que
questões filosóficas surgirão em muitas matérias. E se você não obteve
treinamento filosófico, você pode até compreender mal a natureza de muitas
daquelas questões. Portanto é assim que
eu prefiro pensar a filosofia – como um método, um tipo de investigação mais do
que uma série particular de questões. Embora seja claro que há algumas questões
que só podem ser respondidas por tal tipo de investigação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span lang="EN-US">Aaron Ridley: </span></b><span lang="EN-US">(Risos)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span lang="EN-US">Ben Rogers: </span></b><span lang="EN-US">(Risos). </span>Eu preciso voltar ao
trabalho do dia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Michael Sandel: </b>Filosofia é refletir criticamente sobre como as
coisas são. Isso inclui refletir criticamente sobre os arranjos sociais,
políticos e econômicos. Isso sempre dá margem à possibilidade de que as coisas
podem ser diferentes do que são. E melhor. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Julian Savulescu: </b>Filosofia no meu ponto de vista é ganhar
conhecimento através do uso da razão e de ferramentas conceituais, razão <i>a priori</i>, e refletir sobre si mesmo e o
estado do mundo. Ela edifica as ciências empíricas, mas não é uma versão de
ciência. É ganhar conhecimento através da reflexão racional. E na minha área,
filosofia é sobre entender o que as pessoas devem fazer, que tipo de pessoa as
pessoas devem ser, como as pessoas devem agir, refletindo racionalmente sobre
os cursos de ação ou natureza dos seres humanos. Também penso que a filosofia
deve encorajar as pessoas a ganhar conhecimento, e refletir e tentar buscar
entender o mundo e eles mesmos através de suas capacidades como animais
racionais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Walter Sinnot-Armstrong: </b>Filosofia é a procura por uma visão de
mundo coerente e justificada. Os filósofos deveriam parar de olhar para
pequenas questões no corredor de nossas vidas e tentar ver como as coisas se
encaixam; como psicologia se encaixa com filosofia, como a mente se encaixa com
o corpo, como valores estéticos se relacionam com justiça e valor econômico.
Tais são grandes questões: como encaixamos os diferentes aspectos de nossas
vidas? E é a isso que a filosofia deveria estar remetendo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Barry Smith: </b>Eu acho que é pensar fundamentalmente claramente e bem
sobre a natureza da realidade e nosso lugar nela, para entender melhor o que
ocorre à nossa volta, e o que é nossa contribuição para tal realidade, e seus
efeitos sobre nós. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Robert Rowland Smith: </b>Acho que o termo grego tem seu sentido exato;
é um modo de amar o conhecimento.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Paul Snowdon: </b>Filosofia é o nome que damos à coleção de questões
que são de profundo interesse para nós e para as quais não há um jeito especialista
de responder. As categorias em termos das quais elas são colocadas são do tipo
que evitam que experimentos sejam realizados para respondê-las, de modo que
somos impelidos novamente a responde-las na base de evidência que podemos
acumular. Por exemplo, ‘Deus existe?’. Você não pode pegar a questão e enfiar
num jaleco para fazer um experimento. A categoria ‘Deus’ não é uma categoria
adequada para conduzir experimentos para determinar se há algo do tipo ou não.
Como decidimos? Bem, nós simplesmente pesamos os argumentos a favor e contra a
existência deste tipo de entidade. E esse é caráter geral das questões
filosóficas. Existem valores? Existe alma? Existem dados sensoriais? E assim
por diante. ‘Filosofia’ é o nome para o grupo de questões profundas e
importantes para as quais não existe um simples caminho experimental de
respondê-las, e ainda assim queremos saber as respostas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Kate Soper: </b>Penso que uma das mais importantes coisas que a
filosofia tenta fazer é respeitar tanto a relatividade cultural quanto a
historicidade de nossas ideias ao mesmo tempo em que destrincha o que pode ser
mais trans-histórico, verdades transculturais. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Raymond Tallis: </b>Uma das minhas definições favoritas vem de Wilfrid
Sellars. É tentar ver como as coisas no mais amplo sentido coexistem no mais
amplo sentido. E meu sonho de filosofia é tornar o universo mentalmente
portátil, então, ao invés de ser possuído por ele, você o possuiria. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Tzvetan Todorov: </b>Filosofia é uma matéria que todos os estudantes
franceses precisam ter em sua última aula de ensino médio. E eles simplesmente a
odeiam, pois não podem entender sobre o que trata a filosofia. Respondendo mais
seriamente, filosofia é um modo de buscar sabedoria, de levar uma vida mais
sábia. E eu assumo essa concepção de filosofia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Keith Ward: </b>Tenho uma aproximação tradicional, quase indiana para
isso: penso que filosofia é a busca pela sabedoria, e isso inclui a sabedoria
espiritual. Então isso significa questões sobre a natureza do Eu humano e a
natureza da realidade, e como isso afetará sua vida na prática. E nesse
sentido, embora eu tenha experienciado a filosofia de Oxford em sua maior
intensidade, não sou definitivamente um filósofo da linguagem comum. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Jonathan Wolff: </b>Bem, posso dizer como problemas filosóficos emergem
na minha visão, que é quando duas diferentes noções do senso comum empurram
para diferentes direções, e aí a filosofia começa. E eu suponho também considerar
que tudo que reivindica ser filosofia, quando não puder ser relacionada a um
problema anterior que a fez surgir daquela maneira, é vazia. <o:p></o:p></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Tiago/Desktop/O%20que%20%C3%A9%20filosofia.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Extraído do primeiro capítulo de EDMONDS, David and WARBURTON, Nigel. <i><span lang="EN-US">Philosophy bites. </span></i><span lang="EN-US">New York: Oxford University Press, 2010, pp. xiii-xxiv. </span>Tradução
de Tiago Luís Teixeira de Oliveira.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Tiago/Desktop/O%20que%20%C3%A9%20filosofia.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Mosca que atormenta o gado e as pessoas. (N.T.)<o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-7868241017146123982014-11-11T09:58:00.002-08:002015-03-31T05:53:37.498-07:00Falácias para iniciantes<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://bookofbadarguments.com/pt-br/images/1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="289" src="https://bookofbadarguments.com/pt-br/images/1.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="text-align: justify;">Um livro eletrônico gratuito ilustrado com as falácias mais comuns acaba de ser traduzido para o português. Trata-se de "Um livro ilustrado de maus argumentos" de Ali Almossawi. A tradução é de Diego Lindner. Para quem quer aprender um pouco mais sobre lógica, retórica, argumentação e os recursos que não deveriam convencer (mas muitas vezes o fazem). O conteúdo por si só já merece atenção por expor didaticamente as falácias em que muitos incorremos na argumentação. Mas as belíssimas ilustrações e o humor das situações retratadas valem a sua leitura por professores e alunos. Pena que alguns erros de digitação tenham passado para a versão digital.</span><br />
<br />
<a href="https://bookofbadarguments.com/pt-br/">https://bookofbadarguments.com/pt-br/</a>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-46817695805519869322014-09-04T14:12:00.000-07:002015-03-31T05:54:11.537-07:00Novo livro: As mudanças científicas segundo Paul FeyerabendAcaba de ser publicado meu primeiro livro, disponível para compras <a href="https://www.morebooks.de/store/gb/book/as-mudan%C3%A7as-cient%C3%ADficas-segundo-paul-feyerabend/isbn/978-3-639-68948-8" target="_blank">aqui</a>.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://images.our-assets.com/fullcover/2000x/9783639689488.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="231" src="https://images.our-assets.com/fullcover/2000x/9783639689488.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, Geneva, sans-serif; font-size: 12px;">O que motiva uma mudança no sistema conceitual de uma ciência? Que critérios devem os cientistas adotar para justificar uma escolha dentre teorias rivais? Como devemos entender a relação entre as proposições científicas e a realidade? As pretensas regras do método científico auxiliam ou impedem o desenvolvimento do conhecimento? Essas questões receberam um tratamento bastante peculiar pelo filósofo Paul Feyerabend, razão pela qual vale a pena conhecer e se aprofundar no seu pensamento. O presente livro serve ao mesmo tempo como introdução a alguns tópicos fundamentais de filosofia da ciência e como um guia para compreender o posicionamento do controverso autor de 'Contra o método'. Fruto da pesquisa de mestrado em filosofia defendida em 2011, esta obra alia o rigor acadêmico a uma linguagem clara e bastante acessível para textos do mesmo tipo.O leitor será levado a debater sobre a neutralidade da observação, sobre o realismo científico, sobre o pluralismo teórico e sobre os critérios positivistas e racionalistas de avaliação das mudanças científicas.</span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-35659960434932391122014-06-24T18:23:00.002-07:002014-06-24T18:38:43.110-07:00Voz que clama no deserto<div style="text-align: justify;">
<a href="http://www.ecclesia.com.br/images/icones/santos/santo_do_dia/s_joao_batista_sinaxe.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://www.ecclesia.com.br/images/icones/santos/santo_do_dia/s_joao_batista_sinaxe.jpg" height="200" width="133" /></a>Sempre me perguntei a razão pela qual João Batista tinha tanta importância na tradição católica. Acho que só agora me dou conta da força daquele sujeito que vivia no deserto, mas conseguia ver as contradições da sociedade de sua época.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
João Batista era um profeta, um tipo de pessoa indesejável por falar o que pensa sem entrar em joguinhos políticos, sem intenção de agradar. Eu confesso que conheci muitas pessoas assim ao longo das minhas andanças. O que mais admiro nessas pessoas semelhantes a João Batista é a coragem...Coragem de dizer o que pensa, coragem de enfrentar os poderes instituídos, as autoridades, coragem de falar o politicamente incorreto quando isso parece ser só uma manobra política, e de exigir justiça. Enfim, coragem de dar a cara a tapa, pois há um preço enorme a pagar quando se apresenta abertamente uma ideia. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Também já li textos "perigosos" de teólogos que, sem medo de retaliação, procuraram reconduzir o cristianismo ao seu centro, criticando dogmas engessados, instituições pesadas, falta de diálogo e exclusões das mais diversas que fazem com que o cristianismo apareça para os não cristãos como uma religião danosa ao ser humano. Vi muitos desses teólogos silenciados pela igreja...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
O que será que João Batista hoje falaria para os cristãos? Fiz um exercício de imaginar o conteúdo de uma pregação atual:</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
- Vocês se dizem cristãos, invocam um "Pai-nosso", mas demonizam os praticantes de outras religiões, como se o Pai não fosse deles também. Na minha época os hereges eram os Samaritanos...Jesus disse pra fazer o que o samaritano fez...se vocês olharem bem, vão ver como vários ateus, agnósticos, espíritas, fiéis de religião afro-brasileiras são capazes de amar o próximo como Jesus pediu sem cultuar a Deus "do modo correto". </div>
<div style="text-align: justify;">
- Vocês fazem procissões e marchas pra Jesus e gostariam de proibir a Parada Gay e a Marcha das Vadias. Nunca entenderam o significado da vida de Jesus. Ele não se importava de andar com os chamados "pecadores públicos", com as mulheres tidas por vagabundas. "Atire a primeira pedra", disse ele. Vocês atiram todos os dias...Votam em pessoas que querem retirar direitos dos homossexuais (direito de amar outra pessoa do mesmo sexo, direito de adotar e criar uma criança cuja perspectiva é bastante ruim), vocês não desejam uma sociedade em que a mulher seja capaz de fazer as próprias escolhas.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Há um belo discurso de Jesus sobre os pobres, os desvalidos e como ele gostaria que seus seguidores cuidassem dos que possuem menos recursos. Ah, mas vocês, hipócritas, gritam contra cotas que visam incluir negros e indígenas, vocês reclamam quando os pobres recebem ajuda do governo, vocês pagam salários baixos e acham que é um absurdo a empregada viajar pra fora do país. Não apoiam os sem-teto, os sem-terra, acham que justiça social e distribuição de renda é coisa de "comunista"...nunca leram os Atos dos Apóstolos? Foi escrito bem antes de Marx...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Pronto, já podem cortar minha cabeça</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-14804921463906566222014-06-02T13:06:00.001-07:002014-06-02T13:06:25.835-07:00Progresso cientifico<a href="http://www.faje.edu.br/periodicos/public/journals/2/homepageImage_pt_BR.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.faje.edu.br/periodicos/public/journals/2/homepageImage_pt_BR.jpg" height="200" width="146" /></a>Foi publicado recentemente meu artigo "Sobre a questão do progresso científico: verossimilhança ou incomensurabilidade?" na versão impressa da revisa de filosofia <b>Síntese, </b>Volume 41, número 129 Jan/Abr. 2014, pp. 129-144.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
No link abaixo o artigo pode ser lido na íntegra:<br />
<a href="https://www.academia.edu/7197479/Sobre_a_questao_do_progresso_cientifico_verossimilhanca_ou_incomensurabilidade">https://www.academia.edu/7197479/Sobre_a_questao_do_progresso_cientifico_verossimilhanca_ou_incomensurabilidade</a><br />
<br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-76069637122107944212013-08-23T10:03:00.000-07:002013-08-23T10:03:00.020-07:00Ensino de filosofia sob a perspectiva analítica e continental<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>1. A origem da
distinção entre filosofia continental e analítica</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><a href="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSQcPtOc8Cin9J7gy4DDzo-Ati9EolGEhxli5hedP9iv9OwlqlnbA" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="192" src="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSQcPtOc8Cin9J7gy4DDzo-Ati9EolGEhxli5hedP9iv9OwlqlnbA" width="200" /></a></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 1.0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 1.0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> A filosofia é uma atividade teórica
que se iniciou com os gregos há 2600 anos e possibilitou, através da
argumentação lógica e da permanente disposição para a busca da verdade, o
surgimento de várias das ciências naturais e humanas desenvolvidas no ocidente.
Além de sua contribuição para o desenvolvimento científico, a filosofia também
estabeleceu bases para a vida moral, para a reflexão política, religiosa e
artística. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 1.0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> Por sua longa história, é
facilmente perceptível que tenha havido não apenas uma, mas várias filosofias
tipificadas pelos “sobrenomes” recebidos de acordo sua filiação a determinada
escola de pensamento: platônica, aristotélica, cética, cristã, árabe,
cartesiana, kantiana, nitezscheana etc. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 1.0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"></span></div>
<a name='more'></a> <br />
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 1.0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> Quando falamos, no entanto, de
filosofia continental e filosofia analítica, não estamos nos referindo a uma
escola particular e suas tradicionais respostas aos problemas filosóficos.
Tampouco estamos tratando de um ramo temático da filosofia como quando falamos
de filosofia política, filosofia da ciência ou filosofia moral. A diferença
entre a filosofia continental e a filosofia analítica deve-se ao modo como os
filósofos de cada uma dessas tradições fazem filosofia. Trata-se de um
desacordo de método que, do ponto de vista histórico, causou um distanciamento
mútuo entre os filósofos mais alinhados com a tradição britânica (embora muitos
deles fossem austríacos ou alemães) e os filósofos do continente europeu (que
por razões óbvias ficaram conhecidos como continentais). Para entender esse distanciamento é
útil recorrer à história dessa divisão. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 1.0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> A filosofia kantiana (século XVIII)
procurou estabelecer os limites da razão pura, ou seja, da metafísica. Segundo
o Immanuel Kant, a metafísica prometia mais sucesso ao investigar as condições
de possibilidade do conhecimento (<i>a
priori</i>) do que ao tentar oferecer um conjunto de conhecimentos filosóficos,
todos disputáveis. Essa seria a causa da falta de consenso em questões
metafísicas. O filósofo prussiano também distinguiu dois tipos de juízos: os
analíticos e os sintéticos. Enquanto os juízos analíticos têm o predicado
contido no sujeito (por exemplo: Todo solteiro é não casado) os juízos
sintéticos acrescentam uma nova informação, sintetizando dois conceitos não
imediatamente interligados (por exemplo: todos os solteiros são felizes). Os
juízos sintéticos são próprios das ciências empíricas, ao passo que os juízos
analíticos são geralmente das ciências formais como a matemática e a lógica. De
acordo com a perspectiva kantiana, nosso conhecimento se restringe ao fenômeno (do
grego= aquilo que aparece), entendido aqui como os dados empíricos (<i>a posteriori</i>) condicionados pelas formas
puras <i>a priori</i> da sensibilidade e
pelas categorias puras <i>a priori</i> do
entendimento. Todos aqueles conceitos tradicionais da metafísica como: Deus,
alma e mundo são apenas passíveis de especulação, mas nunca de conhecimento. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 1.0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> Duas correntes filosóficas surgem a
partir do pensamento kantiano: a idealista e a positivista. A primeira
enfatizou a sugestão de Kant de que só conhecemos nossas próprias ideias e, de
uma certa maneira, construímos o mundo segundo nossa própria subjetividade. Os
positivistas procuraram afastar a metafísica do domínio científico, priorizando
o último e recusando qualquer verdade <i>a
priori</i> que não fosse matemática ou lógica. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 1.0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> Paralelamente a isso, temos uma
renovação da lógica com o desenvolvimento da lógica matemática por Frege e
Russell, possibilitando a resolução de vários problemas com a introdução de
símbolos e cálculos proposicionais. Nesta esteira Wittgenstein lançou seu <i>Tractatus logico-philosophicus </i>(1921)
onde propôs que: </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; tab-stops: 1.0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">O objetivo da filosofia é
a clarificação lógica dos pensamentos. A filosofia não é uma doutrina, mas uma
atividade. Um trabalho filosófico consiste essencialmente em elucidações. O
resultado da filosofia não é ‘proposições filosóficas’, mas o esclarecimento
das proposições. A filosofia deve tornar claros e delimitar rigorosamente os
pensamentos, que de outro modo são como que turvos e vagos. (WITTGENSTEIN,
1995, pp. 62-63)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sob o aspecto
abordado por Wittgenstein, o papel da filosofia é analítico, de modo que a
análise lógica da linguagem permite eliminar os falsos problemas advindos do
uso equivocado dos conceitos e proposições. As proposições, por sua vez são
verdadeiras ou falsas de acordo com nosso conhecimento empírico ou de acordo
com as relações lógicas estabelecidas. Qualquer proposição que não seja
derivada de uma dedução ou que não exprima uma situação verificável
empiricamente é simplesmente uma frase sem sentido, sobre a qual não é possível
dizer nada. Esse valor atribuído à análise lógica da linguagem deu origem à
filosofia analítica. Um grupo de filósofos e cientistas fundando em 1929, o
Círculo de Viena, ajudou a divulgar esse modo de fazer filosofia e, embora haja
muito o que criticar no positivismo lógico (ou empirismo lógico ou
neopositivismo como também fora chamado o movimento) não é possível negar que
tal corrente contemporânea tenha influenciado o modo como se compreende a
filosofia atual. Também não é difícil perceber que a Grã-Bretanha tenha aderido
ao programa analítico da filosofia, já que essa ilha vinha de uma longa
tradição empirista, surgida com suas primeiras universidades ainda na Idade
Média.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> Na sequência do idealismo
alemão, por sua vez, houve uma ênfase muito grande na história das ideias,
consequência da filosofia hegeliana que procurou dotar a história de
racionalidade dialética em busca de sua realização absoluta. A filosofia
continental que se segue enfrentou uma fragmentação muito grande, com objetivos
também muito distintos. Encontraremos filósofos como Nietzsche (1844-1900)
criticando a cultura e até mesmo a racionalidade ocidental. O alemão inventou o
método genealógico, demonstrando como grandes conceitos filosóficos como
“verdade” e “bem” são historicamente inventados e não metafisicamente
descobertos. De outro lado vemos surgir a fenomenologia de Husserl, cujo método
influenciou decisivamente uma nova investida metafísica por Heidegger e a
criação da corrente existencialista. A filosofia heideggeriana exibe uma
linguagem obscura, quase impenetrável e o existencialismo trata de temas
bastante subjetivos como angústia, liberdade, desespero, tornando-se
dificilmente diferenciado da literatura. De outro lado veremos o surgimento de
outros críticos sociais como a Escola de Frankfurt e o francês Michel Foucault
(1926-1984) que funda uma filosofia como arqueologia do saber. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> Essa breve exposição, diga-se de
passagem, permite compreender que a divergência entre analíticos e continentais
sobre o papel dado à filosofia favoreceu um progressivo distanciamento do modo
como se faz filosofia na Europa continental do modo com aquela é feita nos
países anglo-saxônicos. Obviamente tal diferença incide no modo como se ensina
filosofia que é o objetivo central deste texto. Na próxima seção discutirei a
divergência entre as duas tradições advertindo, no entanto, que muitas das
questões que se apresentarão já foram superadas ou estão encontrando
compreensão mútua entre analíticos e continentais. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><b>2. Diferentes
métodos, diferentes modos de compreender a filosofia.</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> A filosofia continental sofre de
uma grande dificuldade em estabelecer o que é filosofia e qual o seu método próprio.
De fato é consenso para os continentais que filosofar seja uma pensar rigoroso sobre
o mundo e a realidade, mas nem sempre os pensadores dessa tradição deixam claro
como se faz isso. Em geral um filósofo é
entendido como tal pelo reconhecimento dos intelectuais e acadêmicos. Além
disso, em decorrência das várias críticas feitas pelos filósofos continentais à
noção de “verdade” e devido à influência das ciências humanas como
antropologia, sociologia, história, hermenêutica e crítica literária torna-se
muito difícil criar fronteiras claras entre essas disciplinas e a filosofia. Há
uma tendência grande ao relativismo próprio dessas áreas acima citadas.
Entendamos essa tese da seguinte maneira: a filosofia é o produto cultural da
história ocidental, como todo produto cultural, é relativo ao contexto e não
constitui uma verdade definitiva. O que nós temos na filosofia, portanto, não
são afirmações teóricas que podem ser julgadas como verdadeiras ou falsas. São
apenas reflexões historicamente situadas que explicam muitas das nossas
concepções atuais sobre o corpo e a alma, Deus e mundo, liberdade e política,
moralidade e estética. Assim explicamos muitas das atitudes tomadas por
instituições como a Igreja ou o Estado.
A ausência da noção de uma verdade para além da erudição e da
confirmação de nossos pontos de vista preferidos cria uma falsa ideia de que a
filosofia é <i>apenas </i>o estudo do
pensamento de Platão ou Aristóteles ou Descartes ou Heidegger<a href="file:///C:/Users/User/Documents/Estudo%20Concurso/Ponto%202%20-%20ensino%20de%20filosofia%20anal%C3%ADtica%20e%20continental.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
Essas dificuldades tornam quase inevitável que o título de filósofo caiba
somente aos clássicos e aos chamados “gênios”.
Nessa perspectiva, a filosofia é uma atividade de poucos iluminados e um
professor de filosofia tem um grande receio de chamar-se “filósofo”, como se
estivesse colocando-se ao lado desses grandes nomes do pensamento ocidental. A
reverência aos clássicos e o método genealógico/arqueológico acabam fazendo com
que o pesquisador da filosofia continental desenvolva sua investigação somente
na linha da pesquisa histórica e hermenêutica. Fazer filosofia confunde-se com
fazer história da filosofia. Os graduandos e pós-graduandos em cursos de
filosofia são incentivados a aprofundar nos conceitos e teorias dos filósofos
consagrados, certos de que aprendem filosofia ao compreender os filósofos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> Contrariamente à perspectiva
continental, os filósofos analíticos encontraram um relativo consenso sobre o
que é filosofia e qual o seu método. Para os filósofos da tradição analítica a
filosofia é o exame crítico das nossas crenças e seu método a discussão
crítica. Nessa tradição a filosofia é vista como uma investigação de problemas centrais
que só podem ser resolvidos por meio da argumentação. Aqui já há uma diferença
em relação à filosofia continental, pois é fácil perceber quando um problema
não é filosófico: quando há meios de empíricos ou matemáticos capazes de
fornecer uma resposta adequada a esses problemas. O domínio da filosofia é a
investigação teórica argumentativa, que busca o esclarecimento dos conceitos, a
formalização dos argumentos e sua análise quanto à validade da forma e quanto à
verdade do conteúdo de suas premissas. Todas as áreas da filosofia são
passíveis de análise: Metafísica, Epistemologia, Ética, Política, Estética,
Lógica etc. O que marca, portanto uma filosofia de caráter analítico não é o
domínio de um ou outro filósofo em particular, mas um modo de tratar os
diversos problemas tradicionais da filosofia. Os filósofos dessa tradição
procuram atacar os problemas diretamente e interessam-se geralmente por um ou
outro texto clássico somente na medida em que este pode oferecer uma resposta
plausível ao problema em questão ou quando essa resposta é problemática,
incorrendo em erros lógicos ou de confusões lingüísticas. Nesse sentido, não há
nenhum pensador “intocável”, pois qualquer grande nome da filosofia pode ter
sugerido uma resposta falaciosa para o problema que se propôs. Por outro lado,
os filósofos analíticos estão em constante contato uns com os outros por meio
dos periódicos e congressos internacionais, criticando-se ou apoiando-se
mutuamente de modo que não é raro encontrar pensadores que modificam suas posições
originais depois de uma crítica bem fundamentada (podemos ver exemplos claros
disso em Frege, Wittgenstein ou em Hilary Putnam). </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> Muitas vezes houve e ainda há
críticas recíprocas entre analíticos e continentais. Os primeiros acusam os
últimos de relativismo e falta de compromisso com a verdade, enquanto estes tratam
aqueles como cientificistas dogmáticos e negligentes com papel da história.
Tais críticas são estranhamentos normais e revelam um conhecimento apenas
superficial da outra parte. É importante reiterar que essa situação está se
modificando rapidamente e já é muito comum encontrar representantes da
filosofia analítica na França e na Alemanha (para citar dois países de grande
tradição continental) e muitos filósofos formados na tradição anglo-saxônica
com interesses genuínos na história da filosofia e nos temas recorrentes da
filosofia continental. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>3. Implicações
pedagógicas</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> Depois de compreender a natureza da filosofia
para os filósofos continentais e analíticos, cumpre extrair daí consequências
práticas para o ensino da disciplina filosofia. Algumas delas já foram
alusivamente citadas anteriormente. O que parece muito claro é que o que se
entende filosofia determina o tipo de ensino. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">A filosofia continental parte da noção de filosofia como atividade
reflexiva de alguns gênios. Seu ensino passa pela multiplicidade de autores
considerados clássicos e suas ideias ao longo da história. O método de ensino é
o genealógico observando, mesmo quando trata-se de temas filosóficos, uma ordem
cronológica. O ensino tende ao ecletismo e ao relativismo, na medida em que a
preocupação é que o estudante saiba quem foi e o que pensou fulano ou sicrano. Os
manuais de filosofia podem variar seu conteúdo sensivelmente e podem apresentar
capítulos que dificilmente são de fato temas filosóficos. Podemos, por exemplo,
encontrar capítulos dedicados à mitologia (questões de religião) ideologia e ao
trabalho alienado (temas sociológicos), à formação psicológica da consciência
moral (psicologia), história das ciências (história), entre outros. Isso torna
difícil diferenciar a atividade filosófica dessas disciplinas envolvidas.
Quando há capítulos dedicados à lógica, esta geralmente é ensinada somente na
tradição aristotélica e dificilmente se relaciona com os demais capítulos e os
problemas filosóficos destes. Textos de filósofos são apresentados em breves
trechos ou boxes de leitura complementar com algumas questões de compreensão. (Paradigma:
Filosofando)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Já a filosofia analítica parte da noção de filosofia como análise
crítica das crenças, de modo que o interesse do ensino passa por uma acentuada
formação na lógica (proposicional) e na argumentação. Somente depois de bem
estabelecidos os instrumentos de análise crítica e argumentativa, o estudante é
convidado a compreender determinados problemas filosóficos para os quais várias
soluções são formalizadas e postas à prova. O aluno precisa identificar os
principais argumentos contrários e favoráveis a determinadas soluções para
problemas fundamentais. Um tema, por exemplo, como o livre arbítrio, é
apresentado como problema a ser investigado diante de perspectivas
deterministas, libertistas e compatibilistas. Todas essas respostas ao problema
estudado são também elas problemáticas e o aluno precisa compreender cada uma e
assumir uma delas de modo bem argumentado. As posições filosóficas pertinentes
ao problema em questão são ilustradas com um excerto de filósofo clássico ou
contemporâneo diante do qual há questões de mera interpretação e outras de
argumentação. (Paradigma: A Arte de Pensar)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
3.1. Do ponto
de vista continental, temos alguns problemas:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div style="text-indent: 47.20000076293945px;">
<span style="text-indent: -18pt;">A) Filosofia como história da
filosofia</span></div>
<div style="text-indent: 47.20000076293945px;">
<span style="text-indent: -18pt;">B) O mito do “gênio” </span></div>
<div style="text-indent: 47.20000076293945px;">
<span style="text-indent: -18pt;">C) </span><span style="text-indent: -18pt;">Elogio da forma em detrimento
do conteúdo</span></div>
<div style="text-indent: 47.20000076293945px;">
<span style="text-indent: -18pt;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A) Já nos
referimos ao problema da centralização da história da filosofia. Uma questão
que se impõe é de ordem lógica: se existem filósofos para serem estudados,
então deve existir uma filosofia que consiste no que eles fizeram. Mas onde
está a filosofia? Um aluno pode ser bem
treinado em responder o que pensou este ou aquele pensador. Quero propor duas
diferentes perguntas para exemplificar onde pretendo chegar:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">1 – Como
Descartes provou a existência de Deus?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Essa é uma
pergunta cuja resposta depende unicamente de conhecer a história da filosofia
moderna, de modo especial, da leitura de Descartes ou de algum comentador. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> Vejamos agora uma pergunta ligeiramente
diferente: </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">2 - Descartes
conseguiu, de fato, provar que Deus existe? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Teria o mesmo
estudante capacidade de argumentar com rigor afirmativa ou negativamente em
resposta a essa pergunta? A razão para distinguir as duas perguntas é simples:
a resposta a 1 a demanda domínio da história da filosofia. Já uma resposta 2
requer que o aluno seja também ele capaz de filosofar. Só há um tipo de
resposta padrão para perguntas do tipo 1. Mas há muitas possibilidades de
respostas para 2. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Esse simples
exercício serve de advertência para duas maneiras de fazer história da
filosofia. Uma história da filosofia que seja uma coleção de autores e teorias
que o aluno precisa decorar e saber nos exames ou uma história da filosofia que
se preocupa em analisar e criticar as posturas dos grandes filósofos,
introduzindo o aluno na arte de pensar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">B) O mito do
“gênio” foi denunciado por Kant em sua famosa frase em que diz: “não é possível
aprender filosofia, só é possível aprender a filosofar”. Trata-se de pensar por
si próprio, aprendendo o método investigativo da filosofia e não uma filosofia
acabada, do autor X ou Y. Não significa
com isso que não devamos estudar os autores clássicos, mas que esses autores
não devem ter a última palavra nos problemas estudados. Não sem antes
investigar, esgotar outras possibilidades. Ocorre que tratar filósofos como
“intocáveis” torna impossível o surgimento de novos filósofos. Se a filosofia
for vista como um modo de tratar questões fundamentais e os alunos forem
progressivamente conhecendo esse método, é possível que eles compreendam que
também podem filosofar, descobrir novos argumentos a favor do livre arbítrio,
ou contra o ceticismo, ou que um filósofo famoso cometeu certo deslize. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">C) Talvez seja
um problema menor a preocupação estilística da escrita em detrimento da clareza
conceitual. Mas isso pode levar a confusões sobre o que é próprio da filosofia
e o que é domínio da literatura. Embora os filósofos analíticos tenham
destacado o papel da linguagem na resolução de problemas filosóficos e
reconhecendo a dimensão discursiva da filosofia, é necessário entender que o
objetivo central de qualquer filósofo não é agradar o leitor mas provar algum
ponto. Se o estudo da filosofia for apenas um desfile de teorias e filósofos, é
bem possível que o aluno não entenda o que fazer com isso. Se o encontro com a
filosofia for no sentido de propor investigar a verdade ou falsidade de certas
crenças metafísicas, éticas, políticas e epistemológicas, então há uma outra
perspectiva em que a filosofia torna-se fundamental para o desenvolvimento
crítico do aluno.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">3.2. Problema
do ensino de filosofia analítica: ausência de uma visão histórica</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Basta recorrer a
algumas obras de introdução à filosofia escritas por filósofos analíticos para
perceber que não há a menor intenção de tratar a filosofia sob uma perspectiva
de nomes e datas (ver, por exemplo, NAGEL, Thomas. <i>Uma breve introdução à filosofia</i>. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
WARBURTON, Nigel. <i>Elementos básicos de
filosofia. </i>Lisboa: Gradiva, 1998 e LAW, Stephen.<i> Guia ilustrado Zahar: </i>Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.)
Embora tenhamos argumentado repetidamente contra uma confusão entre filosofia e
sua história, cabe aqui ponderar que conhecer o contexto em que determinada
ideia surgiu também pode ser estimulante para os estudos filosóficos. Enquanto
recomendávamos na perspectiva continental sobre a importância de a história da
filosofia ser estudada filosoficamente sob pena de não se ensinar filosofia, na
perspectiva analítica a recomendação é a de não negligenciar o papel da
história na formação filosófica. Certamente vários argumentos podem ser melhor
compreendidos dentro do contexto em que surgiram e parece ser falho um ensino
de filosofia que não atribui uma ideia
ao seu devido autor. Isso ocorre, por vezes, quando o professor, tentando
tornar a filosofia palatável ao aluno de ensino médio, não oferece a leitura
sequer de excertos do texto de onde o argumento explicado saiu. Isso sem dúvida é um problema pois o aluno
pode terminar uma formação filosófica sem a habilidade de ler textos
filosóficos (PCN).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">BIBLIOGRAFIA:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">ALMEIRA, Aires;
TEIXEIRA, Célia; MURCHO, Desidério; MATEUS, Paula; GALVÃO, Pedro. <i>A arte de pensar: </i>filosofia 10º ano.
4.ed. Lisboa: Didáctica editora, 2009.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">ARANHA, Maria
Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. <i>Filosofando:</i> introdução à filosofia. 4.ed. rev. São Paulo: Moderna,
2009.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">CID, Rodrigo
Reis Lastra. Práticas filosóficas e práticas pedagógicas em filosofia. <i>Cadernos UFS Filosofia </i>pp. 87-95</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">COSTA, Claudio
Ferreira. <i>Filosofia analítica</i>. Rio de
Janeiro: Tempo Brasileiro, 1992.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
FOLSCHEID, Dominque; WUNENBURGER, Jean-Jacques. <i><span lang="PT-BR">Metodologia filosófica.</span></i><span lang="PT-BR"> Trad. Paulo Neves. São Paulo: Martins Fontes, 2006.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">MINISTÉRIO
DA EDUCAÇÃO</span><span lang="PT-BR">, Secretaria de Educação Básica. <i>Guia de livros didáticos PNLD 2012: </i>Filosofia.
Brasília: Mistério da Educação, 2011. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">MINISTÉRIO
DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. <i>Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio. </i>Brasília: MEC/Semtec,
1999.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">VVAA.
Filosofia da educação a partir do diálogo contemporâneo entre analíticos e
continentais. <i>Abstracta. </i>1:1 pp. 92 –
107, 2004<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/User/Documents/Estudo%20Concurso/Ponto%202%20-%20ensino%20de%20filosofia%20anal%C3%ADtica%20e%20continental.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR"> É preciso esclarecer a ênfase no “<i>apenas”</i>. Não podemos negar que seja importante o recurso à história
da filosofia. Ao contrário, é necessário o conhecimento sólido nessa disciplina
para avançar com proveito no itinerário filosófico. Mas é preciso estabelecer
que a história da filosofia está para o filosofar como a história da música
para tocar um instrumento musical. Sem dúvida o filósofo pode ganhar muito com
o domínio dos textos da tradição filosófica, assim como o músico enriquece sua
arte com o conhecimento da história das músicas e autores que aprende a
admirar. O que não está muito claro é se um historiador da filosofia ou
historiador da música pode ser apropriadamente um filósofo ou um músico, já que
é possível fazer história da música sem saber um único instrumento musical e
história da filosofia sem propor uma única contribuição própria à filosofia.</span></div>
</div>
</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-22154798942289535052013-08-07T08:36:00.000-07:002013-08-07T08:38:53.091-07:00Argumentação: a ferramenta do filosofar (resenha)<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">A seguinte resenha foi publicada
originalmente em:</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">OLIVEIRA, T.L.T. Argumentação: a ferramenta
do filosofar (Resenha). <i>Pense: revista
mineira de filosofia e cultura.</i> N. 4. Belo Horizonte, julho 2013. Pp-27-28</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">RESENHA: </span></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ8RsX70GKfSmlmJt55zsA7PNTd-dhl5GwNymYvBfbgXZebwU_xIg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ8RsX70GKfSmlmJt55zsA7PNTd-dhl5GwNymYvBfbgXZebwU_xIg" /></a><span lang="PT-BR">SAVIAN FILHO, Juvenal. <i>Argumentação: </i>a ferramenta do filosofar. São Paulo: WMF Martins
Fontes, 2010. 74pp. (Filosofias: o prazer de pensar)</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Um dos maiores desafios para o professor de filosofia do Ensino
Médio é, sem dúvida, o modo como deve apresentar sua disciplina para alunos que
nunca tiveram contato com a dinâmica filosófica. A maioria dos livros didáticos disponíveis
no Brasil opta por dizer que a filosofia é disciplina crítica, transformadora e
indispensável, que faz perguntas que outras áreas não fazem. No entanto, ao
longo do material didático, o que o aluno (e também o professor) encontra são
sucessões de teorias, geralmente colocadas por um critério cronológico. Os
livros didáticos, mesmo o melhor deles, sofrem das mesmas carências do ensino
de filosofia na educação superior: a falta de problematização das teorias e
ausência de um método filosófico que estruture o saber produzido e reproduzido
na academia. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Sem uma boa definição de filosofia e sem uma clara metodologia
filosófica, as teorias e textos de filósofos podem simplesmente tornar-se para
o aluno um exercício enfadonho e sem sentido. Afinal, o aluno pode com razão se
perguntar: “O que estou fazendo quando estudo esse texto?” ou ainda “O que o
professor pretende apresentando tantos nomes e teorias?”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR"></span></div>
<a name='more'></a><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Para preencher essa lacuna do ensino, a editora WMF Martins Fontes
lançou uma coleção filosófica amigável para o leitor não especializado.
Trata-se da coletânea intitulada “Filosofias: o prazer de pensar”. Não é meu
objetivo tratar de toda a coleção, mas do volume 2, que trata especificamente
da metodologia filosófica. O professor da UNIFESP, Juvenal Savian Filho há anos
dedica-se à pesquisa e ao ensino de filosofia. No seu “Argumentação: a
ferramenta do filosofar” Savian Filho procurou condensar o básico da lógica
formal e informal necessária para a argumentação filosófica. O autor, no
entanto, não se dedica às regras da lógica e nas condições formais de validade<a href="file:///C:/Users/User/Desktop/RESENHA.doc#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>,
mas a exercícios de formalização de argumentos, explicitação de premissas e
explicação de textos filosóficos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">A maior virtude do livreto é seu caráter prático. O autor consegue
em poucas páginas situar o leitor na importância que a argumentação tem em
vários aspectos da vida, como na ciência e na filosofia. O filósofo aposta na
realização de exercícios para habituar o leitor (supostamente um adolescente do
ensino médio) à atividade filosófica. A filosofia oferece problemas cujas
respostas constituem teses elaboradas pelos pensadores. Tais teses não são
gratuitas, mas sustentadas com argumentos, a única ferramenta de que o filósofo
dispõe para seu propósito. É por isso que a obra sobre a qual escrevemos tem
importância fundamental e se apresenta como um apoio útil no ensino de
filosofia na educação básica.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Logo no primeiro capítulo o texto conceitua “premissas” e
“pressupostos” como os pontos de partida para as conclusões que defendemos. Uma
vez definidos os conceitos, o autor faz análise de dois argumentos passo a
passo, pela explicitação dos pressupostos e premissas e pela investigação da
relação entre premissas e conclusão, dando uma noção bastante intuitiva do que
seja validade de um argumento. Identificamos um pequeno problema no segundo
exemplo de argumento (p.21): </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR"><br /></span>
<span lang="PT-BR">Sempre que
chove, os peixes não mordem a isca</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Os peixes não
estão mordendo a isca</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Então, deve ter
chovido recentemente </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O exemplo é ruim porque é um argumento inválido.
Trata-se de uma indução. Savian Filho procura mostrar que o raciocínio é uma
formulação de uma hipótese, mas sem remeter à possibilidade de as premissas
serem verdadeiras e a conclusão ser falsa (é possível os peixes não morderem a
isca sem ter chovido). Usar esse exemplo pode ser problemático quando nas
linhas anteriores ele mostrou que um argumento pode ser inválido e nada sobre a
validade do exemplo acima foi mencionado, dando a ideia de tratar-se de outro
argumento válido. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">O segundo capítulo mostra que o
debate importante se situa no nível das premissas que assumimos ou aceitamos ao
iniciar uma discussão. O autor formaliza dois argumentos que geram conclusões
contraditórias, sobre a eutanásia. Depois da formalização, Juvenal Savian Filho
mostra que só aceitamos a conclusão dos argumentos válidos quando assumimos as
premissas dadas. O debate, portanto estaria na aceitação ou não das premissas e
pressupostos dos quais uma pessoa parte para defender seu ponto de vista.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">O terceiro capítulo dedica-se a exercícios práticos de formalização
e análise de quatro argumentos, com um nível crescente de dificuldade. O autor
justifica esse exercício como uma introdução à metodologia filosófica: </span><br />
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3.0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Essas estratégias de
montar e desmontar raciocínios refletem nossa maneira de pensar. Também podemos
dizer que nelas resume-se a <b>metodologia
da argumentação filosófica.</b> (...) [D]e modo geral , a atitude filosófica consiste
em analisar a estrutura das afirmações e negações que fazemos em nossa leitura
do mundo. (pp 29-30 grifos do autor)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> O capítulo quatro conceitua e
exemplifica cinco tipos de raciocínio: Indução, Dedução, Abdução, Analogia e
Argumento de autoridade. O autor propõe, mais uma vez, exercícios de
identificação desses tipos de argumentação. Outro pequeno problema que
percebemos é a caracterização da indução e da dedução. Trata-se de um erro
recorrente em livros didáticos, feito em nome da simplificação. A indução é
simplesmente definida como um procedimento que parte de experiências
particulares para uma conclusão geral. Isso pode dar a impressão de que
argumentos do tipo “Todos os corvos observados até hoje são pretos, logo o
próximo corvo a ser observado deve ser preto” não seria uma indução porque tem
uma conclusão particular. Mas é obviamente um argumento indutivo porque está
baseado na experiência passada e a verdade das premissas não garante a verdade
da conclusão, conferindo apenas uma probabilidade. Com relação à dedução, um
erro semelhante é cometido: o autor define dedução como um procedimento que
parte do geral para uma conclusão particular. Seria mais correto dizer que é um
raciocínio em que é impossível ocorrer premissas verdadeiras e conclusão falsa.
O argumento “Todo belorizontino é mineiro. Todo mineiro é brasileiro. Logo todo
belorizontino é brasileiro” é uma dedução com uma conclusão geral. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> O quinto capítulo é
provavelmente o de maior interesse para uma metodologia filosófica. Ele trata
da análise de textos da tradição da filosofia. O autor foi muito feliz na
escolha dos textos que compuseram este capítulo. Juvenal Savian Filho explica
os passos para a compreensão de excertos de Aristóteles e Descartes. O capítulo
segue a mesma lógica dos anteriores: exercícios comentados e outros textos para
treinar. Todo o instrumental já ofertado ao leitor nos primeiros capítulos é
agora é utilizado com textos filosóficos. Os trechos são separados em momentos,
os argumentos formalizados e as teses tornam-se claras. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> O autor ainda separa um breve
capítulo para textos aforismáticos e outro infelizmente muito breve para a
escrita de ensaios filosóficos. É, entretanto, na conclusão intitulada “Dicas
de viagem” que o professor da UNIFESP oferece ótimas recomendações
bibliográficas e de internet para quem quer aprofundar-se no estudo filosófico,
desde obras de metodologia filosófica, passando por dicionários e textos para
conhecimento de história da filosofia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> Enfim, trata-se de uma obra
muito útil para alunos e professores de filosofia do Ensino Médio. Os problemas
aqui referidos podem ser facilmente contornados por um professor com boa
formação. “Argumentação: a ferramenta do filosofar” é um pequeno livro que faz
em suas poucas páginas o que praticamente nenhum manual escolar brasileiro
dedicado à filosofia faz: ensina a pensar com rigor e a ler textos de filósofos
com método. </span></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/User/Desktop/RESENHA.doc#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR"> Há um volume (9) da mesma coleção dedicado especificamente à lógica
e o qual também recomendamos: RODRIGUES, Abílio. <i>Lógica.</i> São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. </span></div>
</div>
</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-80844788884957656402013-03-18T18:01:00.001-07:002013-03-18T18:10:07.550-07:00“Vinho novo em odres novos”: juventude e religião<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span lang="PT-BR">“Vinho novo em odres novos”: juventude e religião<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span lang="PT-BR">Tiago Luís Teixeira de Oliveira<a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="text-indent: -18pt;">
<b><span lang="PT-BR"> 1. <span style="font-size: 7pt; font-weight: normal;"> </span></span></b><!--[endif]--><b><span lang="PT-BR">Religião como fato humano<br /><br /><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A maioria dos antropólogos,
arqueólogos e historiadores atesta a importância da religião para a
constituição de nossa identidade como seres humanos. Mesmo biólogos darwinistas
procuram explicar a presença constante da fé em nossa história evolutiva<a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
As crenças religiosas são caracterizadas ao mesmo tempo por uma fé
compartilhada em um ou mais seres divinos e por um conjunto de orações, rituais,
cerimônias e regras praticadas para assegurar essa ligação<a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>
com o sagrado. Assim, nada impede que alguém tenha fé (na humanidade, na
amizade, em um líder ou em Deus) e não seja uma pessoa religiosa, pois ou sua
fé não se ajusta à fé de um grupo religioso ou ela não se manifesta em práticas
rituais de uma religião. Consideramos aqui que os jovens e adolescentes têm, em
geral, bastante fé, embora muitos deles vejam com desconfiança o discurso
religioso. Que papel tem a religião para a formação e a vida de nossa
juventude? Podemos ensaiar algumas respostas nas linhas seguintes, que
dividiremos em tópicos:</span></div>
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: start; text-indent: 0px;">
<span style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">1.1. A religião é um elemento cultural.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraph" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span lang="PT-BR"><br /><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Dentre os vários elementos
componentes de uma cultura, um dos mais importantes é a religião. Quando
nascemos, não só nos tornamos membros de uma espécie biológica, mas também
somos introduzidos num modo de ser humano, que só é possível por causa da linguagem,
da educação, das crenças e valores transmitidos pela geração anterior. É como
se os mais velhos dissessem para os jovens como o mundo é. Esse mundo
transmitido, que é permeado pela linguagem e pelo símbolo é o que chamamos
cultura. A religião integra a cultura, a sustenta, dando significado sagrado à
história e aos acontecimentos. Muitas
dos momentos importantes da vida dos membros de uma cultura são transformados
em ritos de uma religião: nascimento, maturidade, casamento, morte são
celebrados com preces e ações simbólicas. Assim, uma das maneiras de introduzir
os novos seres humanos nesse mundo cultural é educá-los numa religião. <br /><span style="text-indent: -18pt;"><br /></span></span><br />
<div style="text-indent: 0px;">
<span lang="PT-BR"><span style="text-indent: -18pt;">1.2. A religião propõe uma moral.</span></span></div>
</div>
<div class="MsoListParagraph" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span lang="PT-BR"><br /><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Além de integrar a cultura, as
diversas religiões propõem códigos de conduta com o que é aprovado ou reprovado
diante da divindade cultuada. Quando uma pessoa adere a uma religião, ela
também assume uma moral religiosa baseada nos textos sagrados de sua tradição.
De uma certa maneira qualquer religião dá por resolvida a questão filosófica
sobre a objetividade dos valores morais<a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
Para os religiosos os valores morais são absolutos e são expressos
objetivamente nos textos sagrados ou nos mandamentos oralmente revelados pelo líder
religioso. É inegável que nos tempos atuais, com inúmeros atrativos e a
permissividade da cultura contemporânea, um jovem pode se ver perdido quanto às
decisões que precisa tomar sobre o que é certo e o que é errado. Nesse sentido,
a religião parece ser um caminho seguro no meio de tanta insegurança.
Observamos muitos jovens extremamente zelosos de sua religião e adeptos de
vários preceitos morais indicados pelos líderes de sua religião. Muitos deles
assumem posturas na contramão de seus colegas secularizados, defendendo ideais
de compaixão e solidariedade, virgindade antes do casamento, uso de símbolos
que mostram sua identidade religiosa, adesão a grupos de oração ou cultos
voltados para pessoas de sua faixa etária, recusa do uso de bebidas alcoólicas
e de outros entorpecentes etc. Eles parecem ter mais convicção do que deve ou
não ser feito por causa de sua formação religiosa e não acreditam que os preceitos
morais dos textos sagrados possam estar errados ou ser apenas um produto de uma
cultura muito distante. Tais jovens recusam-se, muitas vezes, a julgar
criticamente as escrituras e os mandamentos de seu grupo religioso. <br /><span style="text-indent: -18pt;"><br /></span></span><br />
<div style="text-indent: 0px;">
<span lang="PT-BR"><span style="text-indent: -18pt;">1.3. A religião tem um aspecto
existencial.</span></span></div>
</div>
<div class="MsoListParagraph" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span lang="PT-BR"><br /><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Sabemos que a adolescência e a
juventude são períodos de grandes escolhas. É o momento de definir uma
profissão, de decisões amorosas, de se submeter a exames tensos como
vestibulares e ENEM. É também momento de ganhar mais liberdade e de se
responsabilizar pelos próprios atos. Ora, todas as vezes que estamos diante de
grandes decisões, nos deparamos igualmente com a angústia, resultado da
indecisão e do medo de uma má escolha. Naturalmente surgem os questionamentos
existenciais: sobre o sentido da vida, destino, liberdade, responsabilidade
moral, sobre o papel que deve ocupar na sociedade, sobre a existência de Deus,
sobre a pertinência da própria religião. É um momento crítico, pois geralmente
é nessa fase que o jovem opta pelo ateísmo, pelo agnosticismo, por experimentar
outras tradições religiosas ou por confirmar-se na religião em que foi educado.
De qualquer modo, o jovem também encontra na própria religião modelos de
pessoas que suportaram tremendas dúvidas vocacionais e existenciais. É o caso
dos fundadores de religiões, dos profetas e santos. Na Bíblia, por exemplo,
encontramos o chamado dos profetas e dos apóstolos. Outro grande exemplo é São
Francisco de Assis, jovem que passou por grandes dúvidas, trocando o sonho de
ser cavaleiro pelo chamado a imitar o Jesus pobre da Bíblia. Todos esses
modelos acabam incentivando jovens e adolescentes a perseverar no caminho
religioso, superando ou assumindo a angústia cotidiana. Um aprofundamento na
formação religiosa e na vida espiritual pode também auxiliar a encontrar o
sentido da própria existência e responder corajosamente ao chamado à vida que
todos recebemos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="text-indent: -18pt;"><br /></span>
<div style="text-indent: 0px;">
<span style="text-indent: -18pt;">1.4. A religião sugere engajamento
político.</span></div>
</div>
<div class="MsoListParagraph" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span lang="PT-BR"><br /><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Mas se a religião ajuda a
compreender o que o mundo é e qual o seu sentido, ela também aparece como uma
instituição que afirma uma utopia, ou seja, o que o mundo deveria ser para
corresponder ao plano divino. No caso específico do cristianismo, tal utopia
foi nomeada por Jesus como “Reino de Deus”. Trata-se de uma realidade em que as
contradições sociais são minimizadas, os pobres recuperam a dignidade, os
doentes a saúde, os cativos a liberdade. Em suma, na utopia cristã os excluídos
são convidados a participar da abundância divina e os ricos a dividir o que
possuem. Não apenas uma mudança econômica, mas também uma mudança de
mentalidade é cultivada: a mentalidade de que todos são irmãos e possuem a
mesma dignidade de filhos de Deus. A utopia não é exclusividade cristã, pois
percebemos nos textos dos profetas da religião judaica a mesma denúncia: “a
verdadeira religião é cuidar do órfão e da viúva” pregava Isaías (cf. Isaías 1,
11-17) alguns séculos antes do surgimento do cristianismo. O respeito por todos
os seres vivos é um imperativo das religiões orientais. Ora, para que essa
utopia não seja uma idealização impossível<a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a>
é necessário fazer opções políticas. Neste sentido, adotar conscientemente uma
religião demanda engajamento na transformação da realidade excludente num mundo
mais fraterno. Alguns jovens são especialmente atraídos por essa dimensão da
religião, expressando sua fé por meio do apoio a movimentos que lutam por direitos
humanos, moradia, reforma agrária, erradicação do trabalho escravo, fim da
exploração de menores, fim da violência contra a mulher etc. Muitos desses
jovens seguem naturalmente para a política partidária. </span><br />
<span lang="PT-BR"><b style="text-indent: -18pt;"><span lang="PT-BR"><br /></span></b></span>
<div style="text-indent: 0px;">
<span lang="PT-BR"><span style="text-indent: -18pt;"><span lang="PT-BR">2. <b>Problemas para a renovação das
instituições religiosas</b></span></span></span></div>
</div>
<div class="MsoListParagraph" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<b><span lang="PT-BR"><br /><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Embora possamos justificar a
importância da religião por meio dos elementos citados até agora, há uma série
de questões para as quais os nossos jovens são extremamente sensíveis muito
embora essas questões tenham sido negligenciadas pelos líderes religiosos e pessoas
que cuidam da formação de novos membros de uma religião. Essas questões, que
também trataremos em tópicos, dificultam a adesão plena de jovens mais
instruídos a um grupo religioso:<br /><span style="text-indent: -18pt;"><br /></span></span><br />
<div style="text-indent: 0px;">
<span lang="PT-BR"><span style="text-indent: -18pt;">2.1. Pluralismo religioso</span></span></div>
</div>
<div class="MsoListParagraph" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span lang="PT-BR"><br /><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">É um fato a existência de uma grande
quantidade de religiões e doutrinas. Até dentro de uma mesma religião há
diversas tendências bem diferentes entre si. Não tenho a menor intenção de
apontar esse pluralismo como um mal. Ao contrário, penso que a diversidade
religiosa seja um bem desejado por Deus mesmo<a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
Mas alguns problemas podem surgir dessa enorme pluralidade: há o problema de
saber de que Deus tratamos quando nos referimos a Ele (o Deus trinitário dos
cristãos, o Deus do Islamismo, do Judaísmo, das religiões afro, do
espiritismo?); há a divergência de doutrinas, de credo, de conduta (observar a
sexta, o sábado ou o domingo?). Essas diferenças não passam despercebidas dos
adolescentes e jovens e essa pluralidade, no lugar de ser entendida como uma
riqueza, pode ser entendida como sinal de falsidade do discurso religioso. <br /><span style="text-indent: -18pt;"><br /></span></span><br />
<div style="text-indent: 0px;">
<span lang="PT-BR"><span style="text-indent: -18pt;">2.2. Moralismo</span></span></div>
</div>
<div class="MsoListParagraph" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span lang="PT-BR"><br /><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Um problema sério no discurso
religioso e com consequências desastrosas para a adesão de jovens, é o
moralismo. Há uma diferença grande entre moral e moralismo que podemos reconhecer
nas palavras do filósofo Comte-Sponville: <br /><br /><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-left: 2cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial;">A moral responde à pergunta: ‘O que devo fazer?’. É o conjunto dos meus
deveres, em outras palavras, dos imperativos que reconheço legítimos – mesmo
que, às vezes, como todo o mundo, eu os viole. É a lei que imponho a mim mesmo,
ou que deveria me impor, independente do olhar do outro e de qualquer sanção ou
recompensa esperadas. ‘O que devo fazer?’ e não: ‘O que os outros devem
fazer?’. É o que distingue a moral do moralismo. <span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title="">[7]</a></span></span><a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><!--[endif]--></a></span><o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial;"><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><br /></a></span></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A linha que separa a moral do
moralismo é justamente a de determinar a quem se aplicam as normas. A moral
supõe autonomia, já o moralismo é a tentativa de imposição externa de regras,
substituindo consciência moral dos outros. A juventude está sujeita a ouvir
discursos moralistas provindos de movimentos religiosos, determinando regras
absolutamente injustificadas ou convenientemente escolhidas dos textos
sagrados. O discurso religioso pode criar pessoas que agem por medo do inferno
ou em busca de recompensa eterna no lugar de pessoas que livremente decidem
agir bem. Líderes e fiéis mal formados
teologicamente podem assumir uma interpretação literal das escrituras de sua
tradição, esquecendo-se dos elementos culturais e contextuais presentes nas
normas morais prescritas. Ao invés de produzir a santidade, tais regras mal
interpretadas podem levar à barbárie. Muitas dessas regras são dirigidas apenas
ao comportamento sexual, o que gera sérios problemas afetivos aos mais
religiosos. A preocupação com a moral sexual chega a ocupar um lugar muito mais
destacado do que questões de justiça social, dando a impressão de que o pecado
está no próprio corpo e nunca numa situação de exclusão e marginalidade. Ao
mesmo tempo em que este moralismo abafa um profetismo em favor de um mundo mais
fraterno, cria jovens com medo da própria afetividade, que se odeiam por serem
homossexuais ou por não conseguirem evitar a masturbação (normal nessa faixa
etária) ou ainda manter a virgindade até o casamento. Aliás, algumas tradições
religiosas excluem de suas comunidades de fé as jovens grávidas solteiras e os casais
em segunda união, além de prometer cura para pessoas com tendências
homoafetivas. Não bastasse o moralismo, os grupos religiosos têm diversos
líderes envolvidos em escândalos envolvendo crimes como evasão de divisas,
pedofilia, disputas de poder e atitudes contrárias ao propagado como ideal de
todos os fiéis. Obviamente tal incoerência é mais um fator de afastamento dos
adolescentes e jovens das fileiras religiosas.<br /><span style="text-indent: -18pt;"><br /></span></span><br />
<div style="text-indent: 0px;">
<span lang="PT-BR"><span style="text-indent: -18pt;">2.3. Resistência a mudanças</span></span></div>
</div>
<div class="MsoListParagraph" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span lang="PT-BR"><br /><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Por último, temos uma característica
das religiões que pode tornar difícil a chegada de novos membros: o
tradicionalismo. Uma religião é geralmente fundada por um líder carismático,
num espírito de muita liberdade e amor. Mas inevitavelmente a novidade que tal religião
inaugura é institucionalizada, o líder morre e os seguidores divergem sobre
como conduzir a nova fé. Rapidamente o Espírito é engessado em dogmas e
rituais. Religiões mais antigas sofrem especialmente com todo o peso da
tradição que se estabeleceu nos séculos que se sucederam à fundação. Os fiéis
muitas vezes são vítimas desse tradicionalismo, que impede meios mais modernos
e democráticos de participação. A Igreja Católica, por exemplo, embasa-se
exclusivamente na tradição para negar o ministério sacerdotal a mulheres e a
homens casados, preferindo apegar-se ao modo como os ministros são escolhidos
desde há muitos séculos do que garantir uma maior assistência espiritual aos
fiéis.<br /><b style="text-indent: -18pt;"><span lang="PT-BR"><br /></span></b></span><br />
<div style="text-indent: 0px;">
<span lang="PT-BR"><span style="text-indent: -18pt;"><span lang="PT-BR"><b>3. Considerações finais</b></span></span></span></div>
</div>
<div class="MsoListParagraph" style="text-indent: -18pt;">
<b><span lang="PT-BR"><br /><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Podemos constatar que as religiões
têm diversos aspectos positivos que podem tornar-se atraentes para as novas
gerações. Uma boa formação teológica pode contornar as confusões provenientes
do pluralismo religioso citado em 2.1. No entanto, os pontos 2.2 e 2.3
constituem empecilhos para uma maior participação e engajamento da juventude.
Ao tratar das relações entre juventude e religião, temos, na verdade um
paradoxo: 1) As religiões dependem das novas gerações para continuarem
existindo com suas tradições e 2) Novas gerações implicam mudanças de
mentalidade e de práticas. Isso significa que para garantir maior participação
da juventude nos grupos religiosos, é preciso conciliar a necessidade de
renovação e a necessidade de conservação. A geração mais jovem quer e deve
participar de sua religião, mas negar a tal geração a possibilidade de mudar e
trazer novidades para sua tradição religiosa é o mesmo que dizer aos jovens:
“vocês não são necessários”. Por outro lado, a identidade de uma tradição
religiosa foi construída pela conservação de certos elementos indispensáveis
(ritos, dogmas, história) e mudá-los drasticamente pode significar
descaracterização. O desafio, portanto, é renovar sem perder a identidade, algo
que a filósofa judia Hannah Arendt já mencionava sobre a tensão entre amar o
mundo e amar os jovens: <o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="margin-left: 70.9pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A educação é o
ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a
responsabilidade por ele e, com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria
inevitável não fosse a renovação e a vinda dos novos e dos jovens. A educação
é, também, onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não
expulsá-las de nosso mundo e abandoná-las a seus próprios recursos, e tampouco
arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e
imprevista para nós, preparando-as em vez disso com antecedência para a tarefa
de renovar um mundo comum. </span><a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Arial; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br />
Devolvemos duas perguntas aos líderes religiosos: amamos suficientemente nossa
religião para permitir sua renovação através dos jovens? Amamos suficientemente
os jovens para educá-los teologicamente e permitir que tragam o novo do qual
são anunciadores, sem excluí-los de nossa religião? O desafio aqui é encontrar
odres novos para conter o vinho novo<a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a> <span lang="PT-BR">Doutorando em filosofia pela
UFMG e professor de filosofia do Colégio Santo Antônio. O presente artigo foi publicado no Boletim Amigos de São Francisco, n. 98. Março/2013.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a><span lang="PT-BR"> Um dos vários exemplos de
cientistas que entendem a religiosidade como um aspecto evolutivo é o do
geneticista Robert Winston: “Há evidências claras de que, enquanto a afiliação
religiosa pode estar mudando na sociedade humana moderna, a crença no
espiritual continua e mostra pouco declínio. Levando em conta o fato de que
vivemos em uma sociedade baseada no comportamento racional (...), pode parecer
surpreendente, a princípio, que tanta gente ainda professe sua fé em Deus. Por
que uma crença aparentemente irracional continua intacta? Uma solução possível
e provável é que a religiosidade - e,
portanto, a religião – deu ao <i>Homo
sapiens</i> uma vantagem evolucionista. Há também alguma evidência de que a
religiosidade (...) pode ser herdada.” (WINSTON, Robert. <i>Instinto humano</i>. Trad. Mário M Ribeiro e Sheila Mazzolenis. São
Paulo: Globo, 2006 pp-397-8). . <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a><span lang="PT-BR"> A palavra religião tem origem
possível na palavra latina <i>religare</i>,
cuja tradução mais comum é ligar com ou ligar novamente. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a> <span lang="PT-BR">Trata-se de saber se existem
valores morais absolutos ou se todos os valores são relativos à cultura ou ao
momento histórico em que surgiram. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a> <span lang="PT-BR">Etimologicamente “Utopia”
significa lugar que não existe.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a><span lang="PT-BR"> Esse é o posicionamento do teólogo
e filósofo da religião John Rick, falecido no ano passado. Hick sugere que as
religiões são modos humanos de referir-se a uma realidade transcendente ou,
simplesmente “O Real”. O transcendente, como o próprio nome indica, está fora
de nossa capacidade de conceituação e, por isso mesmo, várias tradições
religiosas são fundadas para manifestar histórica, humana e limitadamente a
realidade sagrada. Seria o caso de pensar seriamente se Deus criaria todos os
seres para manifestar-se apenas a um grupo religioso privilegiado, privando
todo o restante da humanidade de um relacionamento com Ele. Por essa razão Hick
pensa que o pluralismo é querido por Deus. Cf. </span><span lang="PT-BR" style="background: white; color: #333333; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Arial;">HICK, John.<span class="apple-converted-space"> </span><i>A metáfora
do Deus encarnado</i>. Petrópolis: Vozes, 2000.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">[7]</span></span><span lang="PT-BR"> </span><span lang="PT-BR">Comte-Sponville,
André. <i>Apresentação da filosofia. </i>São
Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 20.</span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/User/Desktop/Vinho%20novo%20em%20odres%20novos.docx#_ftnref8" name="_ftn8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span></span></span></a><span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"> </span><span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">ARENDT, </span><span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Arial; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Hannah.</span><span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;"> <i>Entre
o Passado e o Futuro.</i> Trad. Mauro W. Barbosa. São Paulo: Edi</span><span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Arial; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">tora Perspectiva, 2000, p.</span><span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">247.</span></div>
</div>
<div id="ftn8">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR">9</span></span><span lang="PT-BR"> A passagem bíblica é bem
ilustrativa da situação a que aludimos: <i>Então
os discípulos de João se aproximaram de Jesus, e perguntaram: «Nós e os
fariseus fazemos jejum. Por que os teus discípulos não fazem jejum?» Jesus
respondeu: «Vocês acham que os convidados de um casamento podem estar de luto,
enquanto o noivo está com eles? Mas chegarão dias em que o noivo será tirado do
meio deles. Aí então eles vão jejuar. Ninguém põe remendo de pano novo em roupa
velha, porque o remendo repuxa o pano, e o rasgo fica maior ainda. Também não
se põe vinho novo em barris velhos, senão os barris se arrebentam, o vinho se
derrama e os barris se perdem. Mas vinho novo se põe em barris novos e assim os
dois se conservam.» </i>(Mt 9, 14-17)<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn9">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-52714327349250147232013-01-31T13:49:00.000-08:002013-01-31T13:52:46.524-08:00Aulas de Filosofia da Ciência<br />
Uma iniciativa muito bem vinda da Escola Paranaense de História e Filosofia da Ciência. O Professor Michel Ghins (U. Louvain) dá algumas lições dos mais importantes temas de filosofia da ciência. Eis o primeiro vídeo:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<object width="320" height="266" class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://2.gvt0.com/vi/_txrNgOMTro/0.jpg"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/_txrNgOMTro&fs=1&source=uds" /><param name="bgcolor" value="#FFFFFF" /><param name="allowFullScreen" value="true" /><embed width="320" height="266" src="http://www.youtube.com/v/_txrNgOMTro&fs=1&source=uds" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true"></embed></object></div>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-55928313085219727092012-12-24T05:38:00.004-08:002012-12-24T05:38:57.302-08:00Sobre a explicação e redução de teorias<br />
<div style="text-align: center;">
<b>Feyerabend e a crítica às condições empiristas de redução interteórica</b></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.marilia.unesp.br/#!/revistas-eletronicas/kinesis/edicoes/2012---volume-4-8/" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;" target="_blank"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-yRI9z1ad4MA/UNhadPavFeI/AAAAAAAAATg/zTd6UfT3F5Q/s1600/capav4.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Resumo: Neste artigo farei uma breve exposição dos modelos de redução teórica de Hempel e Nagel e de dois exemplos históricos propostos por Feyerabend para sugerir a insuficiência de tais modelos para advogar um progresso científico. Argumentarei que Feyerabend não consegue refutar totalmente a lógica da redução pelos exemplos dados, contribuindo, no entanto para enfraquecê-la. Concluirei que uma possível contribuição da crítica feyerabendiana se traduz no campo da virtude epistêmica de evitar o dogmatismo.</div>
<br />
Palavras-chave: Feyerabend. Progresso científico. Redução. Explicação.<br />
<br />
Para ler o artigo, clique no link abaixo:<br />
<a href="http://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/Kinesis/tiagooliveira_10.pdf" target="_blank">Kínesis, Vol. IV, n° 08, Dezembro 2012, p. 123-134</a><br />
<br />
Para acessar a revista, clique na imagem ao lado.<br />
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-59070144442518480592012-08-30T12:31:00.000-07:002012-08-30T14:05:28.090-07:00As cotas e o desafio da educação <div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://acertodecontas.blog.br/wp-content/uploads/2012/08/cotas2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="175" src="http://acertodecontas.blog.br/wp-content/uploads/2012/08/cotas2.jpg" width="200" /></a></div>
Dentre as muitas críticas que tenho lido a respeito da adoção de cotas para estudantes oriundos de famílias de baixa renda, dois argumentos parecem ser os mais razoáveis e, sem dúvida, os mais utilizados. O primeiro sustenta que separar vagas em universidades públicas para uma parcela de desfavorecidos da sociedade é uma medida injusta, diminuindo as chances de quem não se enquadra na categoria "desfavorecido" de alcançar uma das já disputadas vagas nas instituições federais. O segundo argumento faz uma crítica à qualidade do ensino básico público oferecido aos brasileiros, afirmando que se a educação pública fosse excelente não haveria necessidade de cotas. Assim a suposição é de que o governo deveria investir mais na educação básica se quiser incluir estudantes de baixa renda.</div>
<br />
<a name='more'></a><br />
Como o primeiro argumento envolve um conceito filosófico de difícil definição que é "justiça", deixarei sua discussão por último. Analisemos, o que diz o segundo argumento:<br />
<br />
Se o governo quiser incluir, então deve melhorar a educação<br />
Se o governo melhorar a educação, então não precisará de cotas<br />
Logo, se o governo quiser incluir então não precisará de cotas.<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Um argumento válido, cujo nome é conhecido como silogismo hipotético. Ora, que professor não concorda com o que foi dito? É extremamente razoável querer melhorias na educação e almejar o dia em que não serão necessárias cotas pois todos terão escola de qualidade. Também estou de acordo que um investimento maciço em educação (escola integral, professores bem formados e remunerados, laboratórios equipados, biblioteca atualizada, quadras para treinamento esportivo, aulas de música e artes, e tudo que formos capazes de sonhar) <b>hoje</b> poderá render um <b>futuro</b> de menos desigualdade. Mas tal investimento em educação só dá resultado a médio e longo prazo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Suponhamos que de repente nossa educação básica pública sofra uma reviravolta de qualidade (o que duvido muito, mas admitirei para fazer correr o argumento). Uma criança que hoje entra para a escola aos 6 anos, se tiver uma boa educação, só entrará para um curso bem concorrido de universidade pública após pelo menos 11 anos de educação básica. Claro que nesse cenário ideal em que todos tiveram oportunidades iguais, o único critério de admissão é o mérito. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas até que tenham transcorrido esses 11 anos, quantos jovens ficaram de fora da possibilidade de fazer um curso superior? Levando em conta que o nível escolaridade tem incidência direta na renda e na qualidade de vida do brasileiro, não creio que só a melhoria na educação seja suficiente para intervir na desigualdade social a curto prazo. Cotas sociais são a melhor maneira de possibilitar uma educação profissional de qualidade aos bons estudantes de baixa renda (ainda que haja cotas, esses estudantes também precisam ser os melhores colocados para serem admitidos) que não tiveram oportunidade e dinheiro para estudar em escolas bem equipadas e com professores motivados. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há ainda um quesito cultural que me incomoda na argumentação anti-cotas é o que ocorre em outros setores como no de transporte e locomoção, saúde e segurança. No lugar de perceber que são problemas de todos e cobrar soluções para todos por parte dos órgãos públicos competentes, a classe média simplesmente resolve o problema para si: na locomoção é só comprar um carro, na saúde pagar planos caros, na educação matricular os filhos na escola particular etc. Resolvido o "meu" problema, agora não preciso mais preocupar com essas questões públicas.<br />
<br />
Desculpe o leitor se isso soa agressivo, mas é incompreensível para mim que alguém que pague caro para dar educação aos filhos diga simplesmente: "eu paguei para que meu filho estivesse em condições para garantir sua vaga na universidade pública, se o governo quiser que os pobres estudem em algum curso superior federal, que ele melhore a escola básica". Quem sempre resolveu seu próprio problema pagando pode pagar uma faculdade particular de qualidade (elas ainda existem). Por que é que ninguém briga para matricular o filho na escola pública, mas todos querem vaga na universidade pública? (Olha que temos greve nas universidades também!) </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não pretendo dizer mais sobre o segundo argumento, só devo reforçar que as cotas não eximem o governo de buscar qualidade na educação básica (algo com o qual estou de acordo com os anti-cotas). Só não vejo porque deveria ser uma opção entre educação de qualidade ou cotas, já que a educação de qualidade resolve o problema a longo prazo e as cotas possibilitam diminuir a desigualdade a curto prazo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
O primeiro argumento a que aludi no início do texto diz respeito à pretensa injustiça cometida contra os não contemplados pelas cotas. Quero agora me debruçar sobre ele, pois penso ser bem mais frágil que o da melhoria da educação. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Temos pelo menos duas definições de justiça: ou tratamos de equidade ou de dar a cada um o que é seu por direito. O argumento contrário às cotas parece referir-se ao primeiro, dizendo que as pessoas são tratadas de maneira desigual quando um grupo tem vagas reservadas e outro não. Mesmo pensando no segundo sentido da palavra, parece que um direito está sendo retirado de um grupo quando o governo reserva vagas em universidades somente para alunos de baixa renda. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Acredito que as pessoas que sustentam que cotas são injustas cometem uma contradição. Elas querem igualdade na disputa por vagas da universidade federal quando não houve igualdade de condições para que a disputa fosse justa. Sejamos sinceros: ninguém é culpado por ter nascido num berço de ouro ou numa família pobre. Niguém pode ser responsabilizado porque possui certas necessidades maiores do que os outros. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É por isso que ninguém se revolta quando lugares em teatros, cinemas ou vagas de estacionamento são reservadas para pessoas com mobilidade reduzida. Pelo mesmo motivo, somos todos favoráveis ao atendimento prioritário de idosos, grávidas e portadores de necessidades especiais. Todos aplaudem de pé iniciativas que facilitam a vida dessas pessoas que não podem ser culpadas por suas dificuldades. O postulado é muito simples: <i>pessoas diferentes possuem necessidades diferentes</i>. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não entrarei no mérito da questão racial, que para mim não é tão determinante do que a questão social. Sim, embora raros, existem casos de negros bem sucedidos cujos filhos possuem todos os benefícios econômicos que qualquer outro adolescente de classe média. Mas existem pessoas pobres, indiferentemente à sua cor, que não poderiam entrar numa universidade pública sem uma reserva de vagas. São justamente aqueles adolescentes que não poderiam pagar uma universidade particular, que tiveram uma educação básica deficiente (a mesma que gostaríamos muito fosse tão boa que pudesse dar condições de disputa de igual numa federal), que tiveram as aulas interrompidas por greves quase todo ano, que precisam trabalhar enquanto ainda cursam o ensino médio etc.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esses adolescentes não são culpados pela sua situação financeira, nem pelo fato de que a educação básica pública é lastimável. Eles sem dúvida merecem uma chance tanto quanto qualquer outro candidato a um curso concorrido de universidade federal. Façamos a conta no lápis: quantos concluintes de escola particular e quantos concluintes de escola pública disputam a mesma vaga? A proporção é de 50%? Claro que não, a escola pública é responsável por 88,8% dos egressos do Ensino Médio. (Fonte: Senado). Se é para ser justo, as cotas deveriam abranger esse percentual. Um detalhe interessante é que se um aluno pobre formado por um instituto superior federal pode acender à classe média e dar ao seu filho uma oportunidade que ele não teria sem as cotas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aliás, se é para ser justo, as vagas deveriam ser sorteadas entre os concorrentes. Seria a única maneira de garantir que todos tenham a mesma chance de estudar numa universidade pública. Mas enquanto a justiça e a igualdade não forem tão radicais, 50% de vagas para quem precisa está de bom tamanho.</div>
</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-90165395511126701282012-06-24T15:17:00.001-07:002012-06-24T15:20:58.646-07:00O argumento pluralista em favor do realismo hipotético de Feyerabend.<br />
<div id="authorString" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;">
<em>Tiago Luis Teixeira Oliveira</em></div>
<br />
<div id="articleAbstract" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;">
<h4 style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1.5em; font-weight: normal; margin: 0.75em 1em 0.25em 0em;">
Resumo</h4>
<br />
<div>
<div style="margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
Neste artigo procuramos expor o pensamento do austríaco Paul Feyerabend (1924-1994) sobre a desejabilidade do realismo científico em relação ao instrumentalismo. O seu principal argumento é a fertilidade heurística do realismo, favorecendo o aparecimento e a conservação de teorias rivais cuja concorrência demanda o desenvolvimento dos pontos de vista em questão. Apresentamos três exemplos históricos que corroboram a visão feyerabendiana: a teoria copernicana, a teoria quântica e o caso do movimento browniano. Discutimos também algumas objeções ao realismo feyerabendiano e sugerimos a influência de Mill sobre o posicionamento de nosso autor.</div>
</div>
</div>
<div id="articleSubject" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: left;">
<h4 style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1.5em; font-weight: normal; margin: 0.75em 1em 0.25em 0em;">
Palavras-chave</h4>
<br />
<div>
Feyerabend; Instrumentalismo; Pluralismo; Realismo hipotético</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Publicado originalmente na Revista Sapere Aude - Departamento de Filosofia da PUC-MG (ISSN <strong style="background-color: white;">2177-</strong><strong style="background-color: white;">6342</strong><img alt="" src="file:///C:/DOCUME~1/101467/CONFIG~1/Temp/moz-screenshot.jpg" style="background-color: white;" /><img alt="" src="file:///C:/DOCUME~1/101467/CONFIG~1/Temp/moz-screenshot-1.jpg" style="background-color: white;" />)</div>
</div>
<br />
Link:<a href="http://periodicos.pucminas.br/index.php/SapereAude/article/view/3182" style="background-color: white;">http://periodicos.pucminas.br/index.php/SapereAude/article/view/3182</a>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-78530178644152699242012-05-28T16:25:00.001-07:002012-05-29T18:27:00.937-07:00Notas sobre a ética da crença<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span lang="PT-BR">ÉTICA DA CRENÇA - exposição feita no grupo PENSA<o:p></o:p></span></b><br />
<b><span lang="PT-BR"><br /></span></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b><span lang="PT-BR">Tiago Luís Teixeira de
Oliveira<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span lang="PT-BR">Problema em questão</span></b><span lang="PT-BR">:</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="text-indent: -18pt;">1. É moralmente correto acreditar sem
indícios?</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A questão foi colocada por William Clifford
(1879) e foi ilustrada pelo exemplo do armador que decide zarpar com um navio
lotado baseado na sua crença de que o navio não precisa de reparos e nem irá
naufragar (cf. capítulo 16 do material). Na ocasião, Clifford sugeriu ser
imoral acreditar sem indícios suficientes para isso. Resumindo em 3 proposições
sobre a ética da crença, Clifford sustenta que<o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l2 level1 lfo3; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><span lang="PT-BR">É
legitimamente correto acreditar num fato se houver indícios para isso<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l2 level1 lfo3; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><span lang="PT-BR">É
legitimamente correto não acreditar num fato se houver indícios para isso<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="mso-list: l2 level1 lfo3; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><span lang="PT-BR">É
legitimamente correto suspender o juízo na falta de indícios conclusivos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span><br />
<span lang="PT-BR">Uma vez que essa opinião refere-se a todos os
tipos de crença, podemos interpretar que todos os enunciados acima também se
aplicam à crença religiosa. Sua posição, portanto, é a de que é prudente e
moralmente correto sustentar um agnosticismo<a href="file:///C:/Users/User/Documents/Filosofia%20da%20Religi%C3%A3o/%C3%89TICA%20DA%20CREN%C3%87A.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 115%;">[1]</span></span></span></a>
baseado na falta de evidências sobre a existência de Deus<a href="file:///C:/Users/User/Documents/Filosofia%20da%20Religi%C3%A3o/%C3%89TICA%20DA%20CREN%C3%87A.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 115%;">[2]</span></span></span></a>.</span><br />
<span lang="PT-BR"></span><br />
<a name='more'></a><span lang="PT-BR"><br /></span><br />
<div style="text-indent: 0px;">
<span style="text-indent: -18pt;">2. Como Clifford sustenta sua posição:</span></div>
<div style="text-indent: 0px;">
<span style="text-indent: -18pt;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<div style="text-indent: 0px;">
<span style="text-indent: -18pt;">(a) Se
crer em qualquer opinião sem indícios traz conseqüências indesejáveis para a
humanidade, então é imoral crer nessa opinião<span style="font-size: 9px;">.</span></span></div>
<div style="text-indent: 0px;">
<span lang="PT-BR" style="text-indent: -18pt;">(b) Crer
em qualquer opinião sem indícios traz conseqüências indesejáveis para a
humanidade</span></div>
<div style="text-indent: 0px;">
<span lang="PT-BR" style="text-indent: -18pt;">(c) <span style="font-size: 7pt;"> </span></span><span lang="PT-BR" style="text-indent: -18pt;">Logo,
é imoral crer em qualquer opinião sem indícios</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span><br />
<span lang="PT-BR">Não é difícil sustentar (a) uma vez que é
consensual que se algo prejudica a humanidade, não deve ser feito. O problema
de Clifford é sustentar (b) e ele o faz com as seguintes afirmações:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">b1. Nenhuma crença é
matéria puramente individual, mas tem conseqüências sociais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">b2. Em diversas
analogias considera-se errado agir desprezando os indícios ou ausência deles,
pois haveria conseqüências ruins para as pessoas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">b3. A “vontade de
acreditar”<a href="file:///C:/Users/User/Documents/Filosofia%20da%20Religi%C3%A3o/%C3%89TICA%20DA%20CREN%C3%87A.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 115%;">[3]</span></span></span></a>
não é um bom motivo para sustentar uma crença religiosa, pois cria uma atitude
de irracionalidade generalizada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Dessa forma, segundo
Clifford, não só é irracional crer sem ter provas, como imoral fazê-lo, dadas
as conseqüências danosas que uma crença irracional pode oferecer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="text-indent: -18pt;"><span style="font-size: 7pt;"><br /></span></span><br />
<div style="text-indent: 0px;">
<span lang="PT-BR" style="text-indent: -18pt;">3. <span style="font-size: 7pt;"> </span></span><span lang="PT-BR" style="text-indent: -18pt;">Objeções a Clifford</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Basearei em quatro
autores algumas objeções à noção de que é imoral crer sem ter indícios.</span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: Symbol; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;"><br /></span></span><br />
<br />
<ul>
<li><span lang="PT-BR" style="font-family: Symbol; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;"> </span></span><span lang="PT-BR" style="text-indent: -18pt;">Tomás
de Aquino: Há indícios racionais de que Deus existe. (Ver provas da existência
de Deus</span></li>
<li><span lang="PT-BR" style="font-family: Symbol; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;"> </span></span><span lang="PT-BR" style="text-indent: -18pt;">William
James: A crença em Deus difere-se das demais crenças por ser momentosa, forçosa
e vital</span></li>
<li><span style="text-indent: -18pt;">William Rowe: Embora possa ser irracional crer sem provas, não há nada que leve
necessariamente à imoralidade de toda crença sem indícios.</span></li>
<li><span style="text-indent: -18pt;">Alvim
Platinga: É correto crer sem indícios quando se trata de uma crença
apropriadamente básica.</span></li>
</ul>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-indent: 0px;">
<span lang="PT-BR" style="text-indent: -18pt;">3.1. <span style="font-size: 7pt;"> </span></span><span lang="PT-BR" style="text-indent: -18pt;">Embora Tomás de Aquino afirme que as
verdades da fé (reveladas) superam nossas capacidades intelectuais, ele
reconhece que alguns atributos divinos e mesmo sua existência podem ser
conhecidos por demonstrações racionais. Quando uma verdade de fé é demonstrada,
ela passa para o rol dos conhecimentos e deixa de exigir fé, pois o intelecto
deve aderir à verdade demonstrada. A fé incide nas verdades que não podem ser
racionalmente aceites<a href="file:///C:/Users/User/Documents/Filosofia%20da%20Religi%C3%A3o/%C3%89TICA%20DA%20CREN%C3%87A.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 115%;">[4]</span></span></span></a>.
O importante aqui é perceber que Tomás de Aquino entende que somos capazes de
provar a existência de Deus e falar dele mesmo que analogicamente. Quando a fé
é exigida, esta é auxiliada pela razão. Neste caso a crença religiosa não seria
uma crença sem indícios e seria moralmente correto crer em Deus. Rowe levanta
duas objeções à perspectiva tradicional tipificada em Tomás de Aquino: 1) hoje
poucos sustentam que podemos provar afirmações de fé (elas excedem a razão) e
2) a fé torna-se extremamente dependente da razão, uma vez que é preciso
definir racionalmente o que é o que não é revelado por Deus.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="text-indent: -18pt;"><br /></span><br />
<div style="text-indent: 0px;">
<span style="text-indent: -18pt;">3.2. William James em 1897 escreveu uma
resposta a Clifford, num texto intitulado “A vontade de acreditar”. O primeiro
concorda com o fato de que é imoral crer sem indícios, mas abre uma exceção à
crença em Deus, porque o </span><i style="text-indent: -18pt;">agnosticismo</i><span style="text-indent: -18pt;">
em termos práticos, iguala-se à postura de ateísmo e porque a fé em Deus é uma
opção viva, forçosa e momentosa. Queremos explicar melhor esses últimos termos:</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l4 level1 lfo5; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><span lang="PT-BR">Opção
viva: pode mudar a forma como vivemos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l4 level1 lfo5; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><span lang="PT-BR">Opção
momentosa: existe algo vital em jogo (bênçãos, graças, imortalidade feliz
etc.).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l4 level1 lfo5; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;">
</span></span><span lang="PT-BR">Opção
forçosa: não optar, neste caso, tem as mesmas conseqüências de optar pelo
ateísmo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">James faz aqui uma reelaboração da “aposta de Pascal”. O filósofo
francês sugeriu que apostar em Deus é mais interessante do que apostar na não
existência de Deus. A razão é muito simples: se Deus existir o crente ganha
tudo, se não, não perde nada. A aposta contra Deus faz com que o ateu não ganhe
nada (exceto o fato de poder estar correto) caso Deus não exista ou perca tudo
no caso de Deus existir. James inclui aqui o agnóstico no esquema da aposta:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNu-RksY90A10bD5bSmMUBJ4SmUCHN_HvBfSjPXlich6YyCt-nJ4wsTWTVXJMhAKq-PVYGzcxA7Q5CyCUZ9IAWmg-SPIj0jZNMJBBkGMmU4ecPCuMK01XgZhvAewRM76di49uElNvWpHE/s1600/aposta.png" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="137" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNu-RksY90A10bD5bSmMUBJ4SmUCHN_HvBfSjPXlich6YyCt-nJ4wsTWTVXJMhAKq-PVYGzcxA7Q5CyCUZ9IAWmg-SPIj0jZNMJBBkGMmU4ecPCuMK01XgZhvAewRM76di49uElNvWpHE/s640/aposta.png" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">(extraído de AIRES et al.<i>, </i>2009 vol2, p.109</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span><br />
<span lang="PT-BR"><br /></span><br />
<span lang="PT-BR"><br /></span><br />
<span lang="PT-BR"><br /></span><br />
<span lang="PT-BR"><br /></span><br />
<span lang="PT-BR">Segundo James, portanto, parece ser uma mesquinharia manter-se no
agnosticismo somente para evitar algo tão comum em seres humanos: o erro. Uma
analogia exprime bem como esse autor vê o agnosticismo sem erro de Clifford:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10pt;">É como um general que diz os seus soldados que mais
vale evitar eternamente a batalha do que arriscar uma única ferida. Não se
consegue assim vitórias sobre inimigos ou sobre a natureza. Os nossos erros não
são com certeza coisas tão horrivelmente solenes. Num mundo onde estamos tão
certos de incorrer neles, por muito prudentes que sejamos, uma certa ligeireza
de espírito parece mais saudável do que este nervosismo exagerado por sua
causa. (JAMES, 1948, p. 100)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">James concorda que devemos crer em algo quando há indícios em seu favor,
ou desacreditar quando os indícios contam contra o objeto de crença, mas recusa
que na ausência de indícios contra ou a favor, a suspensão do juízo seja o mais
racional. No caso de opções genuínas (vivas, momentosas e forçosas) e, somente
nesses casos, é legítimo escolher passionalmente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="text-indent: -18pt;"><br /></span><br />
<div style="text-indent: 0px;">
<span style="text-indent: -18pt;">3.3. William
Rowe em sua </span><i style="text-indent: -18pt;">Introdução à filosofia da
religião </i><span style="text-indent: -18pt;">(2007) trata exatamente do problema levantado em (1). Nele o autor
faz também uma objeção a Clifford mostrando que algumas crenças, mesmo que
irracionais, não constituem dano para a humanidade. Crer que Deus ama a cada
ser vivo, crer que Deus manda amar os demais seres humanos, não matar e nem
roubar ou emitir falso testemunho etc. Tudo isso pode ser irracional, mas não
parece ser imoral, na medida em que não prejudica a humanidade e nem a si
mesmo. O próprio Rowe citou a resposta de Clifford a esse contra-argumento:</span></div>
<div style="text-indent: 0px;">
<span style="text-indent: -18pt;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10pt;">Se me permito acreditar seja no que for com indícios
insuficientes, da mera crença pode não resultar grande mal; pode afinal ser
verdadeira, ou posso nunca ter ocasião de a exibir em acções públicas. Mas não
posso deixar de cometer este grande mal contra a humanidade: o de tornar‐me
crédulo. O perigo para a sociedade não é meramente o de acreditar em coisas
erradas, embora isso seja suficientemente mau; mas o de se tornar crédula e
perder o hábito de testar as coisas e de as investigar; pois então recairá
forçosamente na selvajaria. (CLIFFORD, 2009, pp. 185-186)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Quanto a James, Rowe procura mostrar
que o primeiro só provou que a crença teísta ou ateísta são momentosas e
forçosas no caso de Deus realmente existir. Ele não mostrou que tais crenças
são sempre momentosas e forçosas. Numa análise da controvérsia James-Clifford,
Rowe sugere que James apela à tolerância (direito de crer), mas que o faz com
bases em razões. Clifford, por sua vez, também apresenta razões para ser
agnóstico: evitar que a humanidade caia na credulidade. O autor contemporâneo
defende Clifford dizendo que James deveria mostrar que a crença em Deus não
levaria à credulidade. <i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O que Rowe deixou passar
despercebido é que Clifford incorre na falácia da pista escorregadia: prever
conseqüências desastrosas de algumas situações para provar que tais situações
devem ser absolutamente evitadas. Da aceitação de uma ou mais crenças para as
quais não há indícios suficientes não é possível afirmar que a humanidade
tornar-se-ia apta a aceitar todo tipo de crença irracional. No meu entender, é Clifford que deveria
provar que a aceitação de uma crença religiosa leva necessariamente à
credulidade geral. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="text-indent: -18pt;"><span style="font-size: 7pt;"><br /></span></span><br />
<div style="text-indent: 0px;">
<span lang="PT-BR" style="text-indent: -18pt;">3.4. <span style="font-size: 7pt;"> </span></span><span lang="PT-BR" style="text-indent: -18pt;">Alvim
Platinga (1981) tenta um caminho diferente e surpreendente dos até então
divulgados aqui. Ele sugere que não é preciso haver indícios para adotarmos uma
crença. Sua argumentação é relativamente simples:</span></div>
</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 54.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo6; text-align: justify; text-indent: -36.0pt;">
<span lang="PT-BR">I.<span style="font-size: 7pt;">
</span></span><span lang="PT-BR">Se
uma crença é racional, então é necessário que ela seja sustentada por outra
crença (regresso infinito)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 54.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Não é possível
sustentar todas as crenças racionais a menos que haja crenças básicas (não
sustentadas racionalmente)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 54.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Logo, se
uma crença é racional, é preciso que haja crenças básicas para sustentá-la. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 54.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo6; text-align: justify; text-indent: -36.0pt;">
<span lang="PT-BR">II.<span style="font-size: 7pt;">
</span></span><span lang="PT-BR">Se
existem crenças básicas, então nem toda crença precisa ter indícios a seu favor<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 54.0pt; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Existem
crenças básicas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 54.0pt; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Logo, nem
toda crença precisa ter indícios a seu favor</span><br />
<br />
O primeiro argumento parte de uma
condicional cética. Caso eu exija indícios para todas as crenças que possuo eu
precisaria regredir indefinidamente, revelando as razões das razões sem chegar
ao fim. Além do mais existem inúmeras crenças que possuo baseadas
exclusivamente no que parece a mim: Ver um gato pulando a janela é suficiente
para crer que um gato pulou a janela, sem precisar de indícios que justifiquem
tal crença. Platinga chamou esse tipo de crença de apropriadamente básica, pois
não há necessidade de regredir mostrando por que tal crença é verdadeira.
Analogamente, a crença em Deus pode ser uma crença apropriadamente básica
quando uma pessoa tem uma experiência mística ou em outros casos em que parece
evidente que Deus existe e não é preciso apresentar indícios.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 36.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span><br />
<span lang="PT-BR">Rowe também encontra problemas na
perspectiva de Platinga, como no caso em que uma crença como a do Papai Noel é
apropriadamente básica para as crianças até que os adultos resolvam demovê-la.
Seria possível que a crença em Deus deixe de ser básica quando pessoas adultas
se encontram em um ambiente de profundo questionamento do sagrado e com a
descoberta da enorme diversidade teológica das várias religiões? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 36.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span><br />
<span lang="PT-BR">A meu ver, já finalizando essa
exposição, mesmo que a crença em Deus não seja apropriadamente básica, Platinga
mostrou que nem toda crença racional precisa de indícios definitivos a menos
que eu regrida infinitamente. Restaram duas posições: manter o posicionamento
de Clifford de que é imoral crer sem ter provas (neste caso somos todos imorais
por termos uma tarefa de regresso infinito para justificar nossas crenças) ou reconhecemos
com Platinga que algumas crenças são básicas e portanto injustificáveis por
meio de regresso (neste caso o problema da moralidade da crença se dissolve).
Quer fiquemos com Clifford ou com Platinga, ainda é preciso saber se a crença
em Deus depende ou não de outras crenças. A julgar pela diversidade de
opiniões, essa ainda é uma questão em aberto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><span lang="PT-BR">Bibliografia:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">ALMEIDA, A. et al. <i>A arte de pensar: </i>filosofia 10º ano.
4.ed. Lisboa: Didáctica editora, 2009. Volume II.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">CLIFFORD, W. K. (1879) “A Ética da
Crença”, in Murcho (2009).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br />
JAMES, William (1897) «A Vontade de Acreditar», in Murcho (2009).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span><br />
<span lang="PT-BR">KANT, Immanuel (1788) <i>Crítica da Razão Prática. </i>Trad.
de Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 2008.</span><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span><br />
<span lang="PT-BR">MURCHO, Desidério (org.) (2009) <i>Fé,
Epistemologia e Virtude: Ensaios de Filosofia da Religião. </i>Trad. Vítor
Guerreiro. Lisboa: Bizâncio, no prelo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">PLANTINGA, Alvin (1981) “É a Crença em
Deus Apropriadamente Básica?” Trad. de Vítor Guerreiro. In Murcho (2009).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">ROWE, William L. (2007) <i>Introdução à Filosofia da
Religião. </i>Trad. Vítor Guerreiro. Revisão científica de Desidério Murcho.
Vila Nova de Famalicão: Quasi, no prelo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">WARBURTON, Nigel. <i>Elementos básicos de filosofia</i>. Trad.
Desidério Murcho. Lisboa: Gradiva, 2007<o:p></o:p></span></div>
<div>
<br />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/User/Documents/Filosofia%20da%20Religi%C3%A3o/%C3%89TICA%20DA%20CREN%C3%87A.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">[1]</span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Consideraremos aqui três tipos
básicos de posicionamento em relação à existência divina: 1)<i> Teísmo</i> – crença na existência de um
Deus pessoal com os atributos a ele dados pelas religiões monoteístas. 2) <i>Ateísmo</i> – crença na não existência de
Deus/Deuses. 3) <i>Agnosticismo</i> – posição
que opta por não decidir nem pelo teísmo e nem pelo ateísmo, dado na haver
razões conclusivas a favor ou contra a existência de Deus. (Não trataremos de
posturas como <i>panteísmo</i>, <i>deísmo</i> e demais pontos intermediários
entre as várias opções)<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/User/Documents/Filosofia%20da%20Religi%C3%A3o/%C3%89TICA%20DA%20CREN%C3%87A.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">[2]</span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Note-se que mesmo filósofos
declaradamente teístas como Immanuel Kant, podem considerar infrutíferas as
discussões racionais sobre a existência ou não existência de Deus. Na sua
dialética transcendental (Crítica da Razão Pura) o filósofo sustenta que ideias
como a de Deus, alma imortal e mundo são apenas passíveis de serem pensadas,
mas nunca de constituírem conhecimento (pois só fenômenos podem ser
conhecidos). O prussiano lançou a possibilidade de sermos epistemologicamente
agnósticos, mas aderirmos ao teísmo como postulado (seria o lugar da fé). <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/User/Documents/Filosofia%20da%20Religi%C3%A3o/%C3%89TICA%20DA%20CREN%C3%87A.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">[3]</span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Essa expressão aparece numa
resposta a Clifford elaborada por William James (1897) e expressa bem o
problema: trata-se de afirmar uma opinião porque parece uma visão de mundo mais
bonita e não porque parece ser a melhor explicação para as coisas. Acreditar
num ser divino amoroso e compassivo sem nenhuma prova é, segundo Clifford, um
caso de pensamento desejoso (<i>wishfull
think</i>). Não é um argumento, mas uma esperança de que as coisas sejam assim.
<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/User/Documents/Filosofia%20da%20Religi%C3%A3o/%C3%89TICA%20DA%20CREN%C3%87A.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">[4]</span></span></span></span></a><span lang="PT-BR" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">
Nesse sentido, quando os fiéis ressuscitarem no Reino de Deus, não mais viverão
pela fé, mas pelo conhecimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-54743768786980029422012-02-23T09:46:00.001-08:002012-02-23T15:05:13.934-08:00Deus para pensar<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O sagrado sempre fascinou a
humanidade e é impossível dizer com precisão quando surgiu a ideia de Deus. Mas
é possível saber quando Deus começou a interessar os filósofos: desde que os
gregos do século V a.C. iniciaram a tradição de investigação racional conhecida
como filosofia. Os gregos acreditavam em vários deuses e estes tinham forma e
comportamentos humanos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-QcWdKEy5x6w/T0Z7Ns7F82I/AAAAAAAAAG4/IXe08cxf3Ro/s1600/laerte_deus_foto.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="89" src="http://1.bp.blogspot.com/-QcWdKEy5x6w/T0Z7Ns7F82I/AAAAAAAAAG4/IXe08cxf3Ro/s320/laerte_deus_foto.jpg" width="320" /></a> Enquanto vários dos pensadores da filosofia
grega permaneciam crentes na religião tradicional, Xenófanes de Cólofon
(nascido por volta de 570 e falecido aproximadamente em 460 a.C.) desconfiava
que os deuses não deveriam ter forma de pessoas. Para ele, se os touros
tivessem deuses, tais deuses teriam chifres. Aliás, outra ideia que Xenófanes
recusou é que havia vários deuses. O raciocínio do filósofo era mais ou menos o
seguinte: Deus é um ser ilimitado, portanto, se houver mais seres ilimitados,
teríamos um deus limitando o outro. Desse pensamento o filósofo concluiu que só
pode existir um único Deus. Coincidentemente, é o mesmo que as religiões
monoteístas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo) acreditavam. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E como sabemos que existe mesmo
um Deus? </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As religiões monoteístas afirmam
que Deus existe porque Ele se revelou à humanidade através de pessoas
escolhidas. Segundo essas religiões Deus estabelece uma relação pessoal com os
seus fiéis e com toda a criação e, dessa forma, não é preciso provar que Deus
existe. É aqui que religiosos e filósofos se diferenciam: enquanto religiosos
creem num Deus pessoal, os filósofos analisam a ideia de Deus. Por isso Pascal
(1623-1662 d.C.), filósofo francês e católico fervoroso, afirmou que o Deus de
Abraão, de Isaac e de Jacó (patriarcas do judaísmo) não era o mesmo Deus dos
filósofos. O Deus das religiões é uma pessoa e o Deus dos filósofos é uma
ideia. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os filósofos que pensam sobre a
ideia de Deus precisam recorrer a argumentos e a raciocínios coerentes para discutir
a possibilidade dessa ideia e suas consequências. Este seria o campo da
filosofia da religião.<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Alguns filósofos tentaram provar
que Deus existe. Aristóteles (384–322 a.C) e Tomás de Aquino (1225 — 1274 d.C.)
afirmavam que tudo que existe tem uma causa. Assim, podemos explicar uma coisa
pela sua causa anterior e essa por uma causa ainda mais anterior. Esse
raciocínio pode levar a um regresso infinito a menos que exista uma causa
primeira, eterna, que produz todas as coisas mas não é causada por nada. Na
tradição filosófica esse raciocínio ficou conhecido como Argumento Cosmológico.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Outros pensadores achavam que o
argumento cosmológico tem um problema: fala que tudo tem uma causa, mas diz que
Deus não tem causa. Trata-se, portanto, de uma contradição e, por isso, não é
eficaz. Mas se o argumento cosmológico não é eficaz, isso não significa que
Deus não existe e, muito menos, que não existam outros argumentos. É possível,
por exemplo, pensar por comparação: quando encontramos um relógio, sabemos que
é preciso um relojoeiro para que o mecanismo exista e funcione. Da mesma forma
podemos pensar que a existência de um mundo cheio de vida e de leis naturais
leve a crer que exista um criador divino. Esse argumento é também chamado
Argumento do Desígnio.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Talvez esse argumento convença
mais pessoas. Mas (a essa altura o leitor já deve estar familiarizando-se com a
ideia de que os filósofos não param de investigar e de analisar os argumentos) existe
um bom motivo para afirmar que o mundo não é como um relógio. A nossa melhor
teoria que explica a existência das espécies vem da biologia: a teoria da
evolução. Por essa teoria, as espécies que existem atualmente são fruto de um
processo de seleção natural que ocorre por tentativa e erro. Assim, muitas
espécies que habitavam o planeta não existem mais e outras poderão se
extinguir, enquanto novas poderão surgir. Por essa razão, um biólogo atual,
Richard Dawkins referiu-se ao argumento do desígnio como um péssimo argumento.
O livro em que expõe sua crítica chama-se (não por acaso) “O relojoeiro cego”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Há ainda mais um argumento
importante que afirma que Deus existe: trata-se do Argumento Ontológico. Esse
raciocínio foi proposto pela primeira vez por um filósofo medieval chamado
Santo Anselmo (século XI d.C.). Anselmo define Deus como “o ser do qual não é
possível pensar nada maior”. Agora vejamos como Anselmo argumentou: Se eu puder
pensar num ser perfeito que não existe, então esse ser não é perfeito. Uma
pedra que existe teria mais perfeição que esse ser pensado. Por isso, conclui o
filósofo, Deus precisa existir: não posso pensar em Deus sem que Deus exista.
Há uma versão moderna do argumento,
proposto por Descartes (1596-1650 d.C.): a ideia de um ser perfeito não pode
ser criada por um ser imperfeito, portanto, a ideia de Deus só pode existir porque
Deus existe. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O argumento ontológico tem também
seus problemas: existência não é uma propriedade das coisas. Ninguém ao definir
uma bola diz: é redonda, é colorida e é existente. Além disso, o argumento
assume a verdade do que quer provar: Deus criou a ideia de Deus, logo, Deus
existe. Deus é perfeito, logo, Deus existe. Pensar assim é um erro conhecido como
círculo vicioso, é o mesmo que dizer que as drogas causam dependência porque
levam ao vício. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Essas provas filosóficas da
existência de Deus podem convencer alguns, mas sem dúvida não passam no teste
dos pensadores mais exigentes. Dificilmente um crente deixaria de acreditar em
Deus porque as provas sejam insuficientes. Também é difícil pensar que um ateu
passe a crer por causa de qualquer desses argumentos apresentados. Talvez a
ideia de Deus sirva para exercitar melhor a arte de pensar filosoficamente.
Aliás, é uma tarefa inacabada. Mesmo que os filósofos desistam de provar que
Deus existe, ainda há vários problemas relacionados à ideia de Deus: </div>
<ul>
<li><span style="text-indent: -18pt;">é preciso saber se um Deus bom e todo poderoso
pode ser afirmado mesmo com a existência de tanto mal no mundo;</span></li>
<li><span style="text-indent: -18pt;">é preciso investigar se podemos ser livres caso
haja um Deus que sabe todas as nossas ações futuras;</span></li>
<li><span style="text-indent: -18pt;">é preciso também pensar sobre a crença comum de
que Deus pune os maus e recompensa os bons. Para muitos só tem sentido agir
moralmente bem se Deus existir. O que acontece se Deus não exisitr? Deixamos de
ter motivos para agir bem?</span></li>
</ul>
<span style="text-align: justify;">Se o leitor entende que esses são
questionamentos importantes, então seja bem vindo(a) ao fascinante mundo da
filosofia da religião. </span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-7148071745389491102012-01-26T04:47:00.000-08:002012-01-26T04:47:05.170-08:00Mandamentos do filósofo (Russell)<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: grey; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px; text-align: left;">"1-Não tenhas certeza absoluta de nada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: grey; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px; text-align: left;"> 2-Não consideres que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: grey; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px; text-align: left;"> 3-Nunca tentes desencorajar o pensamento, pois com certeza tu terás sucesso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: grey; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px; text-align: left;">4-Quando encontrares oposição, mesmo que seja de teu cônjuge ou de tuas crianças, esforç</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: grey; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px; text-align: left;">a-te para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, pois uma vitória dependente da autoridade é irreal e ilusória. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: grey; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px; text-align: left;">5-Não tenhas respeito pela autoridade dos outros, pois há sempre autoridades contrárias a serem achadas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: grey; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px; text-align: left;">6-Não uses o poder para suprimir opiniões que consideres perniciosas, pois as opiniões irão suprimir-te. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: grey; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px; text-align: left;">7-Não tenhas medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: grey; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px; text-align: left;">8-Encontra mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, pois, se valorizas a inteligência como deverias, o primeiro será um acordo mais profundo que a segunda. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: grey; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px; text-align: left;">9-Sê escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentares escondê-la. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: grey; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px; text-align: left;">10-Não tenhas inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso." - Bertrand Russell</span>
</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-24458503140472028092012-01-18T05:41:00.000-08:002012-01-18T08:06:23.086-08:00Veja e a Filosofia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://f.cl.ly/items/1F2N220h2X2Y2d1W2J26/revista-veja.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://f.cl.ly/items/1F2N220h2X2Y2d1W2J26/revista-veja.jpg" width="275" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Minha última postagem foi sobre os erros argumentativos do colunista Reinaldo Azevedo da revista Veja. Minha intenção aqui não é repetir meu posicionamento em relação ao desprezo daquela mídia para com a disciplina a que me dedico como professor e pesquisador (para ler <a href="http://estadonoetico.blogspot.com/2011/10/ainda-me-perguntam-para-que-serve.html" target="_blank">clique aqui</a>). O pensamento da revista sobre a "absurdidade" da lei de 2008 que fez a Filosofia retornar ao ensino médio depois de 37 anos reflete um desconhecimento do que seja filosofar. É claro que esse desconhecimento existe em todos os pais de alunos que não tiveram filosofia em sua educação formal, existe até mesmo em professores de outras disciplinas que disputam espaço no currículo ou que acabam lecionando filosofia no lugar dos licenciados formados na disciplina. Essa é uma ótima ocasião para dar a conhecer o que de fato é fazer filosofia e seu papel na educação básica.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É de se esperar que qualquer
estudioso de uma determinada área do conhecimento humano saiba definir muito
bem seu objeto de estudo. Provavelmente um biólogo não terá grandes
dificuldades em dizer o que é a biologia. O mesmo podemos esperar de um físico
sobre a pergunta “o que é física?”, ou de um historiador sobre a definição de
história. Iremos ouvir detalhes sobre o campo de investigação desses
pesquisadores e quais os métodos utilizados para justificar os conhecimentos
específicos de cada área. Há geralmente uma certa unidade presente no discurso
de pesquisadores da mesma área e o saber produzido, por exemplo, na química é
mais ou menos aceito pela maioria dos cientistas da química.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O mesmo não ocorre com o
pensamento filosófico. Para os filósofos, responder à simples pergunta “o que é
filosofia?” é um exercício reflexivo considerável e, muito dificilmente,
encontraremos uma concordância semelhante à presente no discurso científico.
Para os filósofos, definir Filosofia é um problema filosófico. Daí já podemos
intuir algumas características acerca da natureza da filosofia. </div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 18pt; text-indent: -18pt;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 18pt; text-indent: -18pt;">
<b>Definição
pela etimologia</b></div>
<div class="MsoNormal">
Geralmente procura-se colher
algum progresso da etimologia da palavra. FILOSOFIA é derivada de duas palavras
gregas: <i>philia </i>(amor-amizade) e <i>sophia </i>(sabedoria). Seria nada menos do
que a busca amorosa do saber. A tradição atribuiu a criação da palavra <i>filosofia </i>a Pitágoras (século VI),
matemático e pensador grego. Conta a lenda que Pitágoras foi interrogado sobre
sua sabedoria, sendo chamado de sábio (<i>sophos</i>
em grego). O matemático respondeu que não era um <i>sophos,</i> mas um <i>philosophos</i>
(amigo do saber). Com isso Pitágoras queria demarcar uma diferença considerável
entre o possuidor da sabedoria e aquele que a buscava. O sábio não precisa
buscar o que já possui, mas o filósofo é somente um amigo que aproxima com
curiosidade e respeito do conhecimento e o faz porque não o possui. Uma bonita
metáfora referente a essa distinção é colocada por Platão (427-347 a.C.) no seu
célebre <i>Banquete</i>, o filósofo, no entender
do discípulo de Sócrates não é nem o sábio e nem o ignorante: </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3cm;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">Nenhum deus filosofa ou deseja ser sábio – pois já o é –,
assim como se alguém mais é sábio, não filosofa. Nem também os ignorantes
filosofam ou desejam ser sábios. A ignorância é terrível precisamente por isto:
quem não é nem nobre nem sábio acredita ter suficientemente tudo; e
naturalmente quem não percebe estar necessitado, não aspira àquilo de que não
acredita ter necessidade. (...) Os filósofos são os que estão entre os dois
extremos. (...)</span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">O Amor é filósofo e, sendo filósofo, está entre o sábio e o
ignorante <span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><a href="file:///C:/Users/Tiago/Documents/Filosofia%20essencial%20para%20vestibulares.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title="">[1]</a></span></span><a href="file:///C:/Users/Tiago/Documents/Filosofia%20essencial%20para%20vestibulares.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""></a></span></span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3cm;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
Poderíamos prosseguir
indefinidamente por esse caminho, perguntando agora o que é “amizade” e o que é
“sabedoria”. Mas provavelmente não descobriríamos mais sobre a natureza da
atividade filosófica com essa digressão. Procuremos então avançar um pouco. </div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 18pt; text-indent: -18pt;">
<span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"><br /></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-left: 18pt; text-indent: -18pt;">
<b><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span>Natureza
da Filosofia</b></div>
<div class="MsoNormal">
Filosofia é uma atividade crítica
e argumentativa iniciada com os gregos do século VI e continuada pela tradição
ocidental. Seu objeto é o próprio pensamento e seu método é a discussão crítica
das ideias e a análise lógica dos argumentos. O filósofo contemporâneo Nigel
Warburton tem um texto introdutório que explicita bem a característica
argumentativa da filosofia: </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3cm;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">A filosofia é uma atividade: é uma forma de pensar acerca de
certas questões. A sua característica mais marcante é o uso de argumentos
lógicos. A atividade dos filósofos é, tipicamente, argumentativa: ou inventam
argumentos, ou criticam os argumentos de outras pessoas ou fazem as duas
coisas. Os filósofos também analisam e clarificam conceitos. </span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[...] </span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">Que
tipo de coisas discutem os filósofos desta tradição? Muitas vezes, examinam
crenças que quase toda a gente aceita acriticamente a maior parte do tempo.
Ocupam-se de questões relacionadas com o que podemos chamar vagamente «o
sentido da vida»: questões acerca da religião, do bem e do mal, da política, da
natureza do mundo exterior, da mente, da ciência, da arte e de muitos outros
assuntos. Por exemplo, muitas pessoas vivem as suas vidas sem questionarem as
suas crenças fundamentais, tais como a crença de que não se deve matar. Mas por
que razão não se deve matar? Que justificação existe para dizer que não se deve
matar? Não se deve matar em nenhuma circunstância? E, afinal, que quer dizer a
palavra «dever»? Estas são questões filosóficas. Ao examinarmos as nossas
crenças, muitas delas revelam fundamentos firmes; mas algumas não. O estudo da
filosofia não só nos ajuda a pensar claramente sobre os nossos preconceitos,
como ajuda a clarificar de forma precisa aquilo em que acreditamos. Ao longo
desse processo desenvolve-se uma capacidade para argumentar de forma coerente
sobre um vasto leque de temas -- uma capacidade muito útil que pode ser
aplicada em muitas áreas. </span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><a href="file:///C:/Users/Tiago/Documents/Filosofia%20essencial%20para%20vestibulares.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title="">[2]</a></span></span><a href="file:///C:/Users/Tiago/Documents/Filosofia%20essencial%20para%20vestibulares.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""></a></span></span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 3cm;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span class="MsoFootnoteReference"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
Quais são, portanto os problemas
filosóficos? Qual a sua natureza? São questões cuja resposta não pode ser
obtida a não ser através da razão e da argumentação lógica. Alguns pensadores
referem-se às questões filosóficas como questões em aberto, ao contrário de
outras questões cuja solução é possível através do recurso à experiência e ao
saber técnico-científico. A diferença pode ficar mais visível quando
exemplificamos esses dois tipos de questões:</div>
<table border="1" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoTableGrid" style="border-collapse: collapse; border: none; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-padding-alt: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-yfti-tbllook: 1184;">
<tbody>
<tr>
<td style="border: solid windowtext 1.0pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 216.1pt;" valign="top" width="288"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
QUESTÕES EMPÍRICAS</div>
</td>
<td style="border-left: none; border: solid windowtext 1.0pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 216.1pt;" valign="top" width="288"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
QUESTÕES FILOSÓFICAS</div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid windowtext 1.0pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 216.1pt;" valign="top" width="288"><div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: Symbol;"><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span>Quais são as partes componentes de uma célula?</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: Symbol;"><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span>Quantos suicídios ocorreram no Brasil no ano
de 2010?</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: Symbol;"><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span>É possível a vida em outro planeta do sistema
solar?</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: Symbol;"><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span>Qual é o sistema político da Inglaterra?</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: Symbol;"><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span>É legal dirigir alcoolizado?</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: Symbol;"><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span>Quantas colunas são necessárias para sustentar
uma construção de 20 andares? </div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: Symbol;"><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span>Quais são os mandamentos divinos da tradição
católica?</div>
</td><td style="border-bottom: solid windowtext 1.0pt; border-left: none; border-right: solid windowtext 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 216.1pt;" valign="top" width="288"><div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
A vida tem sentido?</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: Symbol;"><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span>Qual a natureza da realidade?</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: Symbol; text-indent: -18pt;"><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span><span style="text-indent: -18pt;">Existe livre-arbítrio ou estamos todos
determinados?</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: Symbol;"><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span>O que é política? É possível justificar
racionalmente a existência do Estado?</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: Symbol;"><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span>O que é conhecimento? Como podemos obtê-lo?</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: Symbol;"><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span>É injusto utilizar animais em pesquisas
científicas?</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: Symbol;"><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span>Deus existe? É possível que Deus exista e nós
ainda sejamos livres?</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: Symbol;"><span style="font: normal normal normal 7pt/normal 'Times New Roman';"> </span></span>Há alguma razão para agirmos bem? O que é o
bem?</div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
As questões aqui qualificadas como
empíricas são aquelas cuja solução é possível através do uso de instrumentos
como microscópios, satélites, teorias científicas, pesquisas bibliografias,
estatísticas e matemática aplicada. Esses recursos, no entanto, em nada
adiantariam para as questões filosóficas. É impossível demonstrar a existência
do livre-arbítrio por uma amostragem, ou pretender dizer qual é definitivamente
o sentido da vida usando apenas de pesquisa de opinião. É possível mostrar como
podemos utilizar ratos de laboratório para testar curas de doenças humanas, mas
não é possível descobrir da mesma maneira se uma pesquisa desse tipo é justa
com os animais. As questões filosóficas só podem ser respondidas recorrendo à
argumentação racional. Isso significa também que os problemas filosóficos estão
em aberto e as tentativas de respostas estão sujeitas à crítica. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Implicações para o ensino</b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
Como vimos, ao contrário do que pensa a revista Veja e muitos de seus leitores, a Filosofia não tem nada a ver com doutrinação ideológica, de esquerda ou direita. A disciplina diz respeito à habilidade de questionar criticamente todas as crenças habituais, inclusive as crenças políticas, religiosas e morais. A função da disciplina na educação básica é fornecer elementos para que o aluno não se torne refém de opiniões sem sustentação racional. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Trata-se de auxiliar o aluno a conceituar, problematizar e teorizar, além de articular seus posicionamentos de forma lógica e coerente. Por meio da filosofia é possível esperar que o aluno desenvolva a leitura, amplie seu mundo com textos de pensadores clássicos, problematize as diversas soluções apresentadas para as questões filosóficas representadas no quadro já retratado e argumente sobre suas próprias opiniões. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Além das habilidades discursivas, há ganhos atitudinais para o estudante habituado com a atividade filosófica: trata-se do respeito pela opinião alheia e o compromisso com a verdade, que faz com que ele descubra que nem toda crença tem o mesmo valor e, inclusive, a própria opinião deve ser abandonada quando revela-se inconsistente ou quando há um posicionamento mais pertinente. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não é papel da educação básica formar filósofos, mas é de se esperar que os elementos de filosofia adquiridos no ensino médio sejam úteis para formar cidadãos conscientes e profissionais reflexivos. Isso serve tanto para o cientista natural que se pergunta pelo método científico correto ou pelos fundamentos de sua ciência (questões claramente filosóficas) quanto para o engenheiro que pondera se os cortes de despesa numa obra incidirão na segurança dos futuros moradores do prédio que constrói. Isso vale para o político que reflete sobre a democracia e sobre o poder, serve para o médico que precisa decidir qual vida salvar numa emergência, serve para o professor pensar sua prática, serve para o consumidor que descobre as falácias do discurso publicitário, serve para o advogado pensar sobre o que é justiça e direito etc.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Serve também para não permanecer calado quando uma revista de circulação nacional insiste em recusar a inclusão de disciplinas fundamentais no currículo do ensino médio com péssimas razões (sinal de que os articulistas tiveram uma formação filosófica deficiente). </div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div>
<br />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<div id="ftn1">
<div class="MsoNormal">
<a href="file:///C:/Users/Tiago/Documents/Filosofia%20essencial%20para%20vestibulares.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 115%;">[1]</span></span></span></a>
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">PLATÃO, <i>O banquete.</i>
204a.b [trad. da coleção Os Pensadores, pp. 41-42]. </span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Tiago/Documents/Filosofia%20essencial%20para%20vestibulares.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">[2]</span></span></span></a> WARBURTON,
Nigel (1998). Elementos básicos de filosofia. Lisboa: Gradiva, páginas 19ss</div>
</div>
</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-1550857741702529192011-10-03T05:09:00.000-07:002011-10-03T05:09:04.716-07:00Ainda me perguntam para que serve filosofia...No Blog do Reinaldo Azevedo, colunista da VEJA, encontramos uma ótima ocasião de demonstrar porque a filosofia é necessária.<br />
<br />
Abaixo o link para o artigo do Reinaldo (cuja grande tese é a de que o Brasil precisa mais de engenheiros e menos sociólogos e filósofos.)<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: whitesmoke; font-family: Arial, sans-serif, Verdana; font-size: 12px;"><a href="http://www.orkut.com.br/Interstitial?u=http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-brasil-precisa-de-menos-sociologos-e-filosofos-e-demais-engenheiros-que-se-expressem-com-clareza/&t=ADeC6VxjjW56QpIwv7caEL8ECG0UqJautxVF6BHPOhTLLepkcou6qJpV89btnA5JBcIcq4CgFTjFWubyjMexdr4Egu0z4qwcLwAAAAAAAAAA" style="color: #02679c; text-decoration: none;" target="_blank">http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/g<wbr></wbr>eral/o-brasil-precisa-de-menos-sociologo<wbr></wbr>s-e-filosofos-e-demais-engenheiros-que-s<wbr></wbr>e-expressem-com-clareza/</a></span><br />
<br />
Agora minha resposta, que obviamente o articulista não publicou pois seria o reconhecimento das suas falácias:<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="background-color: whitesmoke; font-family: Arial, sans-serif, Verdana; font-size: 12px;">O Brasil realmente precisa de mais engenheiros, mas isso não significa que precise de menos sociólogos. Esse procedimento do texto é conhecido na lógica filosófica como falso dilema(Quando sugerimos que as coisas são “A ou B” quando poderiam perfeitamente ser “A e B”). Na verdade, quanto mais engenheiros que sejam pensadores também da sociedade e da perspectiva ética de sua profissão, melhor.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="background-color: whitesmoke; font-family: Arial, sans-serif, Verdana; font-size: 12px;"><a name='more'></a></span></div>
<span class="Apple-style-span" style="background-color: whitesmoke; font-family: Arial, sans-serif, Verdana; font-size: 12px;">O autor mostra pela segunda vez que desconhece o que seja Sociologia. Faz ainda pior: desconhece a diferença entre Sociologia e Filosofia. Marx é só mais um filósofo. Importante, sem dúvida, por ser um dos fundadores das ciências sociais, mas questionável (como todo filósofo). Aulas de sociologia são para que nossos estudantes possam se aprofundar no conhecimento das relações sociais e na sua formação cultural com todos os problemas que disso surgem.</span><span class="Apple-style-span" style="background-color: whitesmoke; font-family: Arial, sans-serif, Verdana; font-size: 12px;">As aulas de filosofia são para conhecer a tradição do pensamento ocidental e criar o hábito de pensamento lógico, refletindo sobre problemas de ordem ética, metafísica, epistemológica, estética e política (não apenas essa).</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: whitesmoke; font-family: Arial, sans-serif, Verdana; font-size: 12px;"><br /></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: whitesmoke; font-family: Arial, sans-serif, Verdana; font-size: 12px;">Falar mal de Marx é outro procedimento que o estudo da lógica informal chama de falácia do espantalho: tomar a parte pelo todo e pretender atingir o todo questionando a parte (Seria o mesmo que descartar toda a Física porque a teoria de Newton não explica o comportamento da luz).</span><span class="Apple-style-span" style="background-color: whitesmoke; font-family: Arial, sans-serif, Verdana; font-size: 12px;">Será que o colunista nunca teve aulas de filosofia? Apesar de Marx, os filósofos continuam pretendendo compreender o mundo e, sem dúvida, isso é fundamental para nossos alunos tão carentes de capacidade reflexiva. Ah, isso também vale para engenheiros.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: whitesmoke; font-family: Arial, sans-serif, Verdana; font-size: 12px;"><br /></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, sans-serif, Verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 12px;"><br /></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, sans-serif, Verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 12px;">Tiago Luís - ex-estudante de Engenharia Elétrica da UFMG. Mestre em Filosofia pela mesma instituição.</span></span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-46732955382496202582011-09-23T10:18:00.000-07:002012-03-20T06:36:23.046-07:00O papel da linguagem (vídeo)Um ótimo vídeo para meus leitores. Trata do papel da linguagem na construção da identidade cultural humana. Para o biólogo Mark Pagel, a linguagem foi determinante na nossa evolução e na nossa sobrevivência por ter nos permitido unir conhecimentos, cooperar para o progresso tecnológico e produzir variedade genética. Não deixem de conferir.<br />
<br />
<br />
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<div style="color: #454545;">
<span class="Apple-style-span" style="line-height: 24px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Reproduzo abaixo dois discursos muito bem alinhados sobre a educação pública em MG. Lembro aqui o significado de "valor". Valores não são, eles valem. Isso porque são fruto de escolha, de prioridades e, por fim, daquilo que ó considerado um "bem". O que vale a educação?</span></span></div>
<div style="color: #454545;">
<span class="Apple-style-span" style="line-height: 24px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/PaDoisjnZFA?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #454545;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 24px;"><br /></span></span></div>
<div style="color: #454545; font-family: Georgia; font-size: 13px; line-height: 1.22em;">
<span style="font-family: Arial; font-size: x-small; line-height: 1.22em;"><b style="line-height: 1.22em;"><span style="font-size: 15pt; line-height: 1.22em;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;"><br /></span></span></b></span></div>
<div style="color: #454545; font-family: Georgia; font-size: 13px; line-height: 1.22em;">
<span style="font-family: Arial; font-size: x-small; line-height: 1.22em;"><b style="line-height: 1.22em;"><span style="font-size: 15pt; line-height: 1.22em;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;"><br /></span></span></b></span></div>
<div style="color: #454545; font-family: Georgia; font-size: 13px; line-height: 1.22em;">
<span style="font-family: Arial; font-size: x-small; line-height: 1.22em;"><b style="line-height: 1.22em;"><span style="font-size: 15pt; line-height: 1.22em;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;"><br /></span></span></b></span></div>
<div style="color: #454545; font-family: Georgia; font-size: 13px; line-height: 1.22em;">
<span style="font-family: Arial; font-size: x-small; line-height: 1.22em;"><b style="line-height: 1.22em;"><span style="font-size: 15pt; line-height: 1.22em;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;">VIOLENCIA CONTRA EDUCADORES E CONTRA A EDUCAÇÃO EM MINAS</span></span></b></span></div>
<div style="color: #454545; font-family: Georgia; font-size: 13px; line-height: 1.22em;">
<div align="center" class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: center;">
<b style="line-height: 1.22em;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 1.22em;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;">É hora de parar de olhar para o dedo e prestar atenção para onde a greve das/os professoras/res aponta.</span></span></b></div>
<div align="center" class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: center; text-indent: 27pt;">
<span style="color: black; line-height: 1.22em;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; line-height: 1.22em;">Frei Gilvander Moreira</span><a href="" name="_ftnref1" rel="nofollow" style="color: #1e66ae; font-family: Verdana; line-height: 1.22em; outline-color: initial; outline-style: none; outline-width: initial; text-decoration: underline;" title=""><span class="yiv697824016MsoFootnoteReference" style="line-height: 1.22em;"><span style="line-height: 1.22em;"><span class="yiv697824016MsoFootnoteReference" style="line-height: 1.22em;"><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; line-height: 1.22em;">[1]</span></span></span></span></a></span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<br /></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small; line-height: 1.22em;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;"><span style="color: black; line-height: 1.22em;">"<i style="line-height: 1.22em;">Do rio que tudo arrasta, se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem</i>.”</span><b style="line-height: 1.22em;"> </b>(Bertold Brecht)</span></span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<br /></div>
<a name='more'></a><br />
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; line-height: 1.22em;">A greve dos professores da Rede Estadual de Minas Gerais, como uma ocupação de propriedade que não cumpre a função social, revelou uma grande ferida: um problema social que com certeza não existiria se o povo mineiro tivesse recebido, historicamente falando, uma educação pública de qualidade.</span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; line-height: 1.22em;">Uma professora, cujo nome fictício é Maria (é melhor não citar o nome para evitar retaliação), escreveu-me dizendo:</span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; line-height: 1.22em;">“Tenho estado em sala de aula há 24 anos, desde 1987. Fui parar numa sala de aula da Rede Estadual de Educação de Minas Gerais por amor à profissão e por incentivo salarial, pois <u style="line-height: 1.22em;">quando comecei a lecionar, em 1987, o nosso Salário Base (vencimento básico) correspondia a três salários mínimos (hoje, R$1.635,00) para quem lecionava de 5ª à 8ª série, e cinco salários mínimos (hoje, R$2.725,00) para quem lecionava para o Ensino Médio.</u> <u style="line-height: 1.22em;">Tinha perspectiva de carreira profissional.</u> Com o tempo, vi a nossa situação piorando ano a ano, suportável durante algum tempo, mas há 9 anos sinto-me no fundo do poço. Sou mãe e tenho dificuldades para manter as despesas da casa. Moro de aluguel, não consigo viajar de férias há uns seis anos, dependo de um Plano de Saúde que não funciona (IPSEMG), gasto dinheiro com antidepressivos para conseguir trabalhar dois horários em condições que não carecem de serem descritas aqui. Sei que existem outras/os professoras/res em situações piores e me firmo nisso para não cair no desespero diante das consequências dessa nossa luta que é justíssima.”</span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; line-height: 1.22em;">Essa é a realidade da maioria esmagadora das/os professoras/res em Minas. É isso que sustenta a mais longa greve de Minas. Não é a direção do SINDUTE e alguns deputados, como alegam os que não ouvem os clamores ensurdecedores de milhares de professoras/res, como o descrito acima.</span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; line-height: 1.22em;">É insensatez o governador Antonio Anastasia, o Ministério Público e o Tribunal de Justiça de Minas pensarem que vão resolver um grave problema social como o suscitado pela greve dos professores com repressão, com canetada judicial mandando voltar para a sala de aula, com propagandas mentirosas nas TVs (em horário nobre), jornais e Rádios. Injustiça como a que estamos vendo com os trabalhadores e com a própria educação em Minas não pode ser jogada para debaixo do tapete.</span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; line-height: 1.22em;">Aos que se vangloriam com a decisão do desembargador Roney Oliveira, do TJMG, “mandando” os professores voltarem para as salas de aula sem o atendimento das suas reivindicações, recordo o que disse Jean Jacques Rousseau: “As leis são sempre úteis aos que têm posses e nocivas aos que nada têm.”</span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-size: small; line-height: 1.22em;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;">A questão levantada pelos professores de Minas, em greve há 103 dias, é um grave problema social que se resolverá somente com política séria que passa necessariamente pelo respeito à Lei Federal 11.738/08, que prescreve Piso Salarial Nacional – vencimento básico, sem artifício de subsídio – <span style="color: black; line-height: 1.22em;">de 1.187,00, segundo o MEC<a href="" name="_ftnref2" rel="nofollow" style="color: #1e66ae; font-family: Verdana; line-height: 1.22em; outline-color: initial; outline-style: none; outline-width: initial; text-decoration: underline;" title=""><span class="yiv697824016MsoFootnoteReference" style="line-height: 1.22em;"><span style="line-height: 1.22em;"><span class="yiv697824016MsoFootnoteReference" style="line-height: 1.22em;"><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; line-height: 1.22em;">[2]</span></span></span></span></a> e 1.591,00, segundo a CNTE<a href="" name="_ftnref3" rel="nofollow" style="color: #1e66ae; font-family: Verdana; line-height: 1.22em; outline-color: initial; outline-style: none; outline-width: initial; text-decoration: underline;" title=""><span class="yiv697824016MsoFootnoteReference" style="line-height: 1.22em;"><span style="line-height: 1.22em;"><span class="yiv697824016MsoFootnoteReference" style="line-height: 1.22em;"><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; line-height: 1.22em;">[3]</span></span></span></span></a>.</span></span></span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="color: black; line-height: 1.22em;"><span style="font-size: small; line-height: 1.22em;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;">É uma injustiça que clama aos céus o Governo de Minas (PSDB + DEM) pagar como vencimento básico somente 369,00 para professora de nível médio por 24 horas; somente 550,00 (quase 1 salário-mínimo) para professor/a que tem um curso universitário e só agora, pressionado, prometer pagar só 712,00 (só a partir de janeiro de 2012) para todos os níveis, inclusive para educador/a com mestrado e doutorado. Insistir em política de subsídio é continuar tratando a educação como mercadoria e matar a conta-gota a categoria dos professores já tão esfolada. Será que vão querer, em breve, privatizar também a educação de 1º e 2º graus?</span></span></span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-size: small; line-height: 1.22em;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;"><span style="color: black; line-height: 1.22em;">Um provérbio</span><span style="line-height: 1.22em;"> chinês diz</span>: “<i style="line-height: 1.22em;">Quando alguém <span style="line-height: 1.22em;">aponta</span>, os sábios olham para onde o dedo aponta e os idiotas olham para o dedo</i>”. As/os educadoras/res de Minas estão apontando para a necessidade e justeza de construirmos em Minas um sistema educacional público de qualidade. Isso é cultivar o infinito potencial de humanidade com o qual todo ser humano chega à nossa única casa comum: o planeta Terra. Mas, tristemente, muitos só vêem o dedo dos professores: os estudantes de hoje sem aula. E os milhões de estudantes de agora em diante, poderão ser alijados do direito a uma educação pública e de qualidade?</span></span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-size: small; line-height: 1.22em;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;">Às/aos professoras/res que não estão participando da greve e a todas as pessoas que não estão ajudando na luta justa dos professores de Minas, em greve, quero recordar o que nos ensinou <span class="yiv697824016aut" style="line-height: 1.22em;"><a href="http://pensador.uol.com.br/autor/bertold_brecht/" rel="nofollow" style="color: #1e66ae; font-family: Verdana; line-height: 1.22em; outline-color: initial; outline-style: none; outline-width: initial; text-decoration: underline;" target="_blank"><span style="line-height: 1.22em; text-decoration: none;">Bertold Brecht</span></a>:</span></span></span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-size: small; line-height: 1.22em;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;"><span style="color: black; line-height: 1.22em;">“</span>Primeiro levaram os negros. Mas não me importei com isso. Eu não era negro. Em seguida levaram alguns operários. Mas não me importei com isso. Eu também não era operário. Depois prenderam os miseráveis. Mas não me importei com isso, porque eu não era miserável. Depois agarraram uns desempregados. Mas como tenho meu emprego. Também não me importei. Agora estão me levando. Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo.” Afinal, a colheita sendo boa ou ruim, entre todas/os será dividida.</span></span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; line-height: 1.22em;">Dispõe o artigo 205 da Constituição de 1988 que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.</span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; line-height: 1.22em;">Como a educação, nos termos da Constituição Federal, deve ser promovida e incentivada visando o pleno desenvolvimento da pessoa, não pode um/a professor/a, conforme o relato acima calar-se diante de tanta injustiça do Estado no trato com a educação. Educa-se com o testemunho, com a ação. Professor/a que está na rua, exerce e ensina cidadania, reivindica a efetivação de direito social, fundamental. Luta por um novo sistema educacional que passa pela valorização justa de cada profissional da educação.</span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; line-height: 1.22em;">Ao fazer greve, os professores não estão sendo violentos, mas estão lutando pela superação de uma violência que os atinge cotidianamente. Violentos estão sendo o governo, o poder judiciário e o capitalismo que impõem um peso tremendo nas costas das/os educadoras/res e não reconhece o imprescindível papel que elas/es cumprem neste país.</span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<br /></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify; text-indent: 36pt;">
<span style="font-size: small; line-height: 1.22em;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;">Belo Horizonte, MG, Brasil, 18 de setembro de 2011<span style="color: black; line-height: 1.22em;"></span></span></span></div>
<div class="yiv697824016MsoNormal" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 1.22em;">
<br clear="all" style="line-height: 1.22em;" /><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: small; line-height: 1.22em;"><hr align="left" size="1" style="line-height: 1.22em;" width="33%" />
</span><div id="yiv697824016ftn1" style="line-height: 1.22em;">
<div class="yiv697824016MsoFootnoteText" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify;">
<a href="" name="_ftn1" rel="nofollow" style="color: #1e66ae; font-family: Verdana; line-height: 1.22em; outline-color: initial; outline-style: none; outline-width: initial; text-decoration: underline;" title=""><span class="yiv697824016MsoFootnoteReference" style="line-height: 1.22em;"><span style="line-height: 1.22em;"><span class="yiv697824016MsoFootnoteReference" style="line-height: 1.22em;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 10pt; line-height: 1.22em;">[1]</span></span></span></span></a><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;"> Frei e Padre Carmelita, mestre em Exegese Bíblica /Ciências Bíblicas, professor de Teologia Bíblica, assessor da CPT, CEBI, CEBs, SAB e Via Campesina; e-mail: </span><a href="mailto:gilvander@igrejadocarmo.com.br" rel="nofollow" style="color: #1e66ae; font-family: Verdana; line-height: 1.22em; outline-color: initial; outline-style: none; outline-width: initial; text-decoration: underline;" target="_blank" ymailto="mailto:gilvander@igrejadocarmo.com.br"><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;">gilvander@igrejadocarmo.com.br</span></a><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;"> – </span><a href="http://www.gilvander.org.br/" rel="nofollow" style="color: #1e66ae; font-family: Verdana; line-height: 1.22em; outline-color: initial; outline-style: none; outline-width: initial; text-decoration: underline;" target="_blank"><span style="color: purple; font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;">www.gilvander.org.br</span></a><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;"> – facebook: gilvander.moreira – </span><a href="http://www.twitter.com/gilvanderluis" rel="nofollow" style="color: #1e66ae; font-family: Verdana; line-height: 1.22em; outline-color: initial; outline-style: none; outline-width: initial; text-decoration: underline;" target="_blank"><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;">www.twitter.com/gilvanderluis</span></a><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;"></span></div>
<div class="yiv697824016MsoFootnoteText" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">
<br /></div>
<div class="yiv697824016MsoFootnoteText" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">
<br /></div>
</div>
<div id="yiv697824016ftn2" style="line-height: 1.22em;">
<div class="yiv697824016MsoFootnoteText" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">
<a href="" name="_ftn2" rel="nofollow" style="color: #1e66ae; font-family: Verdana; line-height: 1.22em; outline-color: initial; outline-style: none; outline-width: initial; text-decoration: underline;" title=""><span class="yiv697824016MsoFootnoteReference" style="line-height: 1.22em;"><span style="line-height: 1.22em;"><span class="yiv697824016MsoFootnoteReference" style="line-height: 1.22em;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 10pt; line-height: 1.22em;">[2]</span></span></span></span></a><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;"> Ministério da Educação e Cultura.</span></div>
</div>
<div id="yiv697824016ftn3" style="line-height: 1.22em;">
<div class="yiv697824016MsoFootnoteText" style="display: block; line-height: 1.22em; margin-bottom: 1em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">
<a href="" name="_ftn3" rel="nofollow" style="color: #1e66ae; font-family: Verdana; line-height: 1.22em; outline-color: initial; outline-style: none; outline-width: initial; text-decoration: underline;" title=""><span class="yiv697824016MsoFootnoteReference" style="line-height: 1.22em;"><span style="line-height: 1.22em;"><span class="yiv697824016MsoFootnoteReference" style="line-height: 1.22em;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 10pt; line-height: 1.22em;">[3]</span></span></span></span></a><span style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: 1.22em;"> Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação.</span></div>
</div>
</div>
</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-88695691520119762332011-08-24T15:51:00.000-07:002011-09-19T04:45:24.232-07:00Aristóteles e a geração "i"<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-trtbjMXk3ls/TlWALu2sGsI/AAAAAAAAAG0/bmLPqRJ6oGQ/s1600/redes_sociais1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="279" src="http://4.bp.blogspot.com/-trtbjMXk3ls/TlWALu2sGsI/AAAAAAAAAG0/bmLPqRJ6oGQ/s320/redes_sociais1.jpg" width="320" /></a><span style="color: black;">No início do livro da Metafísica, de
Aristóteles, encontramos a seguinte afirmação: "todos os homens desejam
naturalmente conhecer". O adjunto adverbial de modo
"naturalmente" significa que o desejo de conhecer está presente em
todo e qualquer ser humano, independente do momento histórico, do contexto
social e político. Afinal, o que é natural não se altera com o tempo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;">Nossa contemporaneidade constantemente
desmente o filósofo de Estagira. Em tempos de alta conectividade existe uma
infinidade de informação disponível a qualquer um que saiba acessar o Google ou
outro portal de busca. A facilidade de encontrar dados, aliada às novas
tecnologias de busca (em sua crescente eficiência) é inversamente proporcional
ao esforço realizado para compreender, refletir e julgar os mesmos textos
encontrados ou ainda os problemas que motivaram tal busca.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<a name='more'></a><br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;">A nova geração, para a qual sempre
inventam-se novos rótulos, possui uma biblioteca maior do que a famosa
cidade de Alexandria do Egito, nos tempos áureos do grande Alexandre. Batizarei
essa geração de geração "I", nome que refere-se aos adolescentes que
sustentam o i-pad, o i-phone, o i-pod como uma extensão do próprio corpo e os
sites de busca como extensão do cérebro. Essa geração não se desliga das novas
tecnologias nem dormindo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;">Estou longe, no entanto, de ver esse
processo de democratização da informação como um fato negativo, percebo que
hoje temos ferramentas fantásticas de pesquisa e possibilidade de
desenvolvimento do conhecimento praticamente em tempo real, com discussões
virtuais em fóruns especializados, acesso a periódicos científicos de qualidade
e consulta a obras digitalizadas que provavelmente só teríamos acesso se fôssemos sócios de várias bibliotecas das melhores universidades do mundo. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;">Assim, ninguém hoje pode reclamar da falta
de fontes de pesquisa. Mas os professores podem certamente atestar (e digo por
experiência própria) que falta algo sem o qual nenhuma ciência pode surgir: o
desejo de conhecer. A ciência, como a filosofia, surge a partir de problemas
que demandam uma solução criativa, fundamentada, gestada num espírito crítico e
reflexivo. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;">Ao propor questões para os estudantes, um
professor espera que o aluno seja capaz de compreender um texto, pensar
alternativas, analisar argumentos. Mas num passe de mágica temos um Yahoo!
respostas e os problemas são resolvidos. Recebeu um dever de casa que exige ler
e pensar? Uma entrada nas redes sociais viabiliza repassar o questionário para
respondedores voluntários. </span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;"><br /></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;">Há um problema ético e outro pedagógico nesse tipo
de comportamento da geração "I". Eticamente é indefensável a
apropriação de textos sem a devida referência ao verdadeiro autor.
Pedagogicamente a questão é a falta de paciência em acompanhar um argumento, de
proposição em proposição até a conclusão. Surge daí uma atitude dogmática, pois
não exige justificação dos posicionamentos pesquisados. Só a resposta importa, não interessam as razões para tal resposta. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;">Se houvesse desejo de aprender, as
respostas do Yahoo! ou dos fóruns virtuais possibilitariam que o estudante
chegasse a uma síntese pessoal, fruto de uma compreensão e de reflexão. Mas
como a ordem do dia é navegar pelas respostas (qualquer uma), copiar e colar,
temos uma geração "I" que cresce com preguiça de pensar sobre
questões que exigem uma argumentação coerente. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;">Em suma, temos um paradoxo atual:
possuímos fontes de sobra para pesquisa, o que falta por aí é o desejo de
conhecer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-44920926667582571212011-07-18T19:32:00.000-07:002011-07-18T19:32:47.351-07:00Novo volume da revista Investigação FilosóficaJá saiu o novo número da revista Investigação Filosófica. O link para os artigos é o seguinte:<br />
<a href="http://www.investigacaofilosofica.com/2011/07/investigacao-filosofica-vol-2-n-1-2011.html">http://www.investigacaofilosofica.com/2011/07/investigacao-filosofica-vol-2-n-1-2011.html</a><br />
<br />
Também vale a pena conferir o recente número especial de Filosofia da Biologia:<br />
<a href="http://www.investigacaofilosofica.com/2011/06/investigacao-filosofica-vol-e1-2011.html#more">http://www.investigacaofilosofica.com/2011/06/investigacao-filosofica-vol-e1-2011.html#more</a><br />
<br />
Boa Investigação FilosóficaAnonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-3747705781905476772011-06-01T18:27:00.000-07:002011-06-01T18:27:04.329-07:00Textos de filosofia do Vestibular UFMG 2012<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><br />
</div><div style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><a href="http://www.ufmg.br/copeve/site_novo/Imagens/ufmg_logo.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="Site da UFMG" border="0" id=":current_picnik_image" src="http://www.ufmg.br/copeve/site_novo/Imagens/ufmg_logo.png" /></a>A Comissão permanente de vestibular (COPEVE) da UFMG disponibilizou no seu site os textos recomendados para a prova de filosofia da segunda etapa de seu processo seletivo. Como de praxe, são três trechos de obras de modo que o primeiro é de um filósofo antigo (Epicuro), o segundo de um moderno (Descartes) e o último de uma autora conteporânea (Hanna Arendt). O que a UFMG espera de seus candidatos aos cursos de Artes Visuais, Ciências Sociais, Ciências do Estado, Cinema de Animação, Comunicação Social, Conservação de bens culturais, Design de Moda, Direito e Filosofia é que saibam reconhecer os problemas filosóficos presentes no texto, bem como os argumentos que sustentam o posicionamento desses autores sobre tais problemas. Além disso os candidatos devem ter a capacidade de formular por escrito, com grande capacidade de síntese e de clareza conceitual, o posicionamento filosófico em questão. Abaixo os links para os textos filosóficos do vestibular 2012:</div><div style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #001c0e; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 14px;"><a href="http://web.cpv.ufmg.br/Arquivos/2011/Carta_sobre_a_felicidade.pdf" style="color: #003300; text-decoration: underline;">EPICURO. Carta sobre a Felicidade (a Meneceu). Trad. Álvaro Lorencini e Enzo del Carratore. São Paulo: Editora da Unesp, 2002.</a></span></div><div style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #001c0e; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 14px;"><a href="http://web.cpv.ufmg.br/Arquivos/2011/Meditacoes.pdf" style="color: #003300; text-decoration: underline;">DESCARTES, Réné. Meditações(Meditação Primeira e Meditação Segunda). In: Col. Os Pensadores. Trad. de J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Editora Abril Cultural, 1983, pp. 83-98.</a></span></div><div style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #001c0e; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 14px;"><a href="http://web.cpv.ufmg.br/Arquivos/2011/A_crise_na_educacao.pdf" style="color: #003300; text-decoration: underline;">ARENDT, Hannah. A Crise na Educação. In: Entre o Passado e o Futuro. Trad. Mauro W. Barbosa. São Paulo: Editora Perspectiva, 2000, pp. 221-247.</a></span></div><div style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><br />
</div><div style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><br />
</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-83754061018139588902011-04-10T07:28:00.000-07:002011-04-10T07:30:05.218-07:00Mapa interativo da Filosofia AntigaPara quem reclama (como eu, muitas vezes fiz) da falta de opções de dinamização dos conteúdos filosóficos uma ótima sugestão: Um mapa interativo. O mapa só deixou de fora as escolas filosóficas do helenismo, posteriores à morte de Aristóteles. Para a compreensão da história da filosofia antiga até o filósofo de Estagira, um bom programa interativo. Clique no mapa para ser redirecionado para o site:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://mapafilosofia.freehostia.com/"><img border="0" height="235" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4QAbFbl7ZtKXP1EugNUHLEKTcdRnng-LoQg6IWRbivt5kmzDSpzy8vwa2mvWPieJWe9yImVSuzUV6MpzE8zWQEY2Kzb70-Vvo9zg164fY47PSfDs4W03ZBfsaBHXd6znR6b9SHtrvUAU/s400/mapa+grecia.jpg" width="400" /></a></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3348967996545538677.post-14447231516895278252011-03-28T17:09:00.000-07:002011-08-28T08:02:55.604-07:00Hipóteses sobre o surgimento da filosofia<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Em resposta à pergunta "como surgiu a filosofia?" foram propostas pelo menos três conjecturas diferentes, cada qual com sua parcela explicativa.</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.profetico.com.br/portal/plugins/content/imagesresizecache/0a448ee0f324eaf8c2c5f601c838e79e.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeV6hJGUVbq5bND2taapuFBWFieEB0cmLclFekQDRXcBMGdha2Scw-3fOdXEbJArKJ9wBbDg3ynFis8NhBhBSGHlSlhf_wK8B8uqOg9Y3Dm0CPYXjiMrnnC628LKdhalHhRnS8VAqclsSs/s320/gregos.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeV6hJGUVbq5bND2taapuFBWFieEB0cmLclFekQDRXcBMGdha2Scw-3fOdXEbJArKJ9wBbDg3ynFis8NhBhBSGHlSlhf_wK8B8uqOg9Y3Dm0CPYXjiMrnnC628LKdhalHhRnS8VAqclsSs/s200/gregos.jpg" width="170" /></a><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><br />
</span></span></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">1) SABEDORIA ORIENTAL:</span></div>
<span class="Apple-style-span"><br />
<span style="font-family: inherit;"></span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Uma primeira hipótese sugere que a filosofia na verdade não passa de um produto do saber oriental aperfeiçoado pelos gregos. Como justificativa para tal conjectura, os pensadores que a sugeriram apontaram o fato de o povo grego manter um intenso comércio marítimo com os povos orientais, partilhando dos conhecimentos já existentes no Egito, na Babilônia e até mesmo na Índia e na China. </span></div>
<span class="Apple-style-span"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><br /></span><br />
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Essa tentativa de resposta não consegue explicar como a filosofia ocidental (iniciada na Grécia com os pensadores da Jônia) estabeleceu uma tradição desvinculada da religiosidade grega e caracterizada pela crítica constante. O saber oriental permaneceu até os dias atuais como submisso às noções religiosas (Budismo, Confucionismo, Taoísmo etc.). Alguns defensores dessa hipótese pretendiam valorizar suas tradições religiosas, colocando-as na origem da filosofia. Isso ocorreu por causa do status que a filosofia gozava na cultura greco-romana que dominou o ocidente. Justino, filósofo romano convertido ao cristianismo e assassinado no ano de 165 d.C., procurou defender o Cristianismo das acusações de ser uma religião nova, uma surperstição irracional. Na visão so mártir cristão, Platão não passava de um discípulo de Moisés e a filosofia pagã teve no ocidente o mesmo papel do Judaísmo no oriente: preparar a chegada do Cristianismo. Obviamente é uma solução questionável e pouco explicativa.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span style="font-family: inherit;"></span></span><br />
<a name='more'></a></div>
<span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">2) MILAGRE GREGO:</span></div>
<span class="Apple-style-span"><br />
<span style="font-family: inherit;"></span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><span style="font-family: inherit;">Enquanto a hipótese anterior procurou diminuir o papel dos gregos na instituição da tradição filosófica, os pensadores renascentistas, admiradores da cultura<span class="Apple-style-span"> </span><span class="Apple-style-span">clássica, não poupavam elogios aos gregos. Os modernos exaltaram a razão que se sobressaiu no seio do povo grego. Os defensores da tese do "milagre grego" acreditaram que a filosofia foi um rompimento radical com o discurso mítico. Um rompimento tão extremo que se assemelhou a um milagre. Como todo milagre, a filosofia foi um fato extraordinário, único e irrepetível, um evento marcante na história do ocidente e da humanidade. </span></span></span></div>
<span class="Apple-style-span"><br />
<span style="font-family: inherit;"></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Mais uma vez, estamos diante de uma tese exagerada. É muito improvável que uma atividade como a filosofia tenha surgido espontaneamente, "do nada". A hipótese do milagre grego sem dúvida ressalta a originalidade do povo helênico, mas desconhece qualquer explicação histórica para a filosofia ter "aparecido" entre os Jônicos e espalhado para as outras colônias da Grécia.</span></div>
<span class="Apple-style-span"><br />
<span style="font-family: inherit;"></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">3) PROCESSO GRADUAL:</span></div>
<span class="Apple-style-span"><br />
<span style="font-family: inherit;"></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Os historiadores contemporâneos da filosofia procuraram diminuir os radicalismo das teses 1 e 2, apresentando uma hipótese historicamente mais verossímil. Segundo essa terceira versão, a filosofia não é oriental e nem milagre, mas o fruto de um processo gestado lentamente no seio da cultura grega. Para os defensores da tese do processo gradual, a filosofia foi preparada pela própria mitologia grega, diferente da mitologia oriental por seus deuses humanizados e suas narrativas racionalizadas. Os gregos, também aperfeiçoaram conhecimentos dos orientais, fundando ciências teóricas como a astronomia, a medicina e a geometria. Além disso, a escrita alfabética foi utilizada para meios não religiosos, mas políticos. Aliás, foi na política que os historiadores encontraram a maior razão para o surgimento da filosofia. Os gregos inventaram no século VIII a.C. uma forma de governo extremamante original, na qual o cidadão (politikós) poderia e deveria participar das decisões da cidade (pólis). No sistema democrático, embora excluindo mulheres, crianças, estrangeiros e escravos, os cidadãos reuniam-se frequentemente em assembléias populares e estavam habituados a discussões públicas. Cada qual poderia pedir a palavra e defender a criação ou modificação de leis. Os homens gregos debatiam publicamente suas ideias e, para ter suas propostas aprovadas, deveriam provar seu ponto de vista, convencendo os demais. Dois séculos depois Tales propunha uma explicação desmitificada da realidade e sugeria que seus discípulos criticassem sua filosofia, apresentando teses mais racionalmente sustentadas.</span></div>
<span class="Apple-style-span"><br />
<span style="font-family: inherit;"></span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span"><br />
<span style="font-family: inherit;"></span></span></div>
<span class="Apple-style-span"><br />
<span style="font-family: inherit;"></span></span></span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/08485777265190300143noreply@blogger.com2