15 dezembro 2010

A cientificidade das explicações dos fenômenos humanos


Tiago Luís Teixeira de Oliveira
PPGF / Universidade Federal de Minas Gerais

Resumo: Este trabalho propõe, em caráter ensaístico, algumas possibilidades de resposta à questão sobre ser apropriado ou não falar de ciências humanas do mesmo modo como falamos de ciências naturais. Procuramos enfatizar que tal questão surge de uma concepção errônea (de cunho positivista) do que seja objetividade das ciências naturais. Valemo-nos de algumas ideias de Karl Popper para discutir e criticar o mito do cientificismo, apontamos para o caráter histórico e social da atividade científica e, com isso, tentamos diminuir uma pretensa distância entre a cientificidade das ciências naturais e das ciências humanas. Por último tratamos brevemente de alguns padrões de explicação (compreensão) dos fenômenos humanos propostos por Granger e Domingues. Nosso texto visa ser um estímulo a uma futura discussão sobre a epistemologia das ciências humanas.

Palavras-Chave: Epistemologia, ciências humanas, objetividade, cientificismo.

Abstract: This paper proposes, on an essay, some possible answers to the question about being appropriate or not to speak of human sciences in the same way as we speak of the natural sciences. We tried to emphasize that this question arises from a misconception (typical from positivism) about what is objectivity of natural sciences. We have used some ideas of Karl Popper to discuss and criticize the myth of scientism, pointed as well to the historical and social nature of scientific activity and, thus, tried to reduce an alleged gap between the scientific natural sciences and the humanities. Finally we treat briefly of some patterns of explanation (understanding) of human phenomena proposed by Granger and Domingues. Our text is intended to be a stimulus to further discussion on the epistemology of the humanities.

Key words: Epistemology, human sciences, objectivity, scientism.

Lançamento de novo periódico de Filosofia

A nova revista eletrônica intitula-se Investigação Filosófica e pretende ser um meio de divulgação de filosofia acadêmica de qualidade, sem privilegiar autores pelo títulos acadêmicos, mas apenas o conteúdo dos artigos. A revista aceita submissões tradicionais como artigos, resenhas e traduções mas também está aberta a formatos não convencionais como diálogos (ao modo de Platão) e filosofia experimental (x-phi). Uma ótima notícia para quem gosta de Filosofia, e uma ótima oportunidade para alguém passar a gostar.

Link da Revista:
http://periodicoinvestigacaofilosofica.blogspot.com/2010/11/investigacao-filosofica-vol-1-n-1-2010.html

14 dezembro 2010

Prova Geral de Filosofia UFSJ – análise crítica

Hoje tive um tempo para olhar a prova de filosofia da UFSJ, realizada no sábado dia 11/12. Fiquei muito desapontado com as questões. Mas não surpreso... Meus alunos do cursinho do Pitágoras estão de prova que eu estranhei o novo programa do vestibular de São João Del Rei (copiado da UFMG, que por sua vez é baseado no CBC da Secretaria de Ensino de MG). O programa entrava em contradição com os livros adotados pelo concurso. A contradição está no fato de o programa privilegiar temas filosóficos e seus principais problemas. Já os livros adotados são uma pequena introdução à filosofia escrita por um historiador marxista (Caio Prado Jr.) na década de 80 e um livro didático também escrito nos anos 80 por um historiador (Gilberto Cotrim) e que privilegia o ensino de filosofia por um enfoque histórico. Só para não ser injusto, o livro do Cotrim é uma boa obra de referência, eu mesmo já o utilizei como livro didático, mas não está de acordo com o programa sugerido, que é temático.

Acima expliquei porque não me surpreendi com a prova. Agora falarei do meu desapontamento. As questões estão muito longe de medir qualquer habilidade filosófica.  Foram 5 questões, sendo a primeira metafilosófica (sobre o que é a filosofia), 3 questões que poderiam ser consideradas pela teoria do conhecimento (embora possamos considerar uma das questões como filosofia antiga) e 1 questão sobre a dialética de Hegel-Marx.
Abaixo reproduzirei cada questão e uma análise do grau de dificuldade e conhecimento exigido: